Mateus - Novo Testamento comentado por F. B. Hole
Traduzido, publicado e distribuído por Verdades Vivas - verdadesvivas.com.br
segunda-feira, 24 de junho de 2019
terça-feira, 2 de abril de 2019
MATEUS 28
MATEUS 28
O versículo 1
deste capítulo nos diz que as duas Marias que haviam assistido ao seu sepultamento
estavam de volta ao sepulcro imediatamente no dia de Sábado. Elas vieram “quando já despontava o [no crepúsculo do
– JND] primeiro dia da semana”. O
dia de acordo com a contagem judaica terminava ao pôr do Sol, e devoção delas era
tal que assim que o sábado acabou elas estavam em movimento e visitaram a
sepultura. Não é fácil juntar os detalhes que os quatro evangelistas nos deram
para formar uma narrativa conectada, mas parece que as duas Marias fizeram essa
visita especial e depois voltaram ao amanhecer com Salomé e possivelmente
outras, levando especiarias para embalsamar. Marcos e Lucas nos falam sobre
isso, e devemos julgar que o versículo 5 do nosso capítulo se refere a esta
segunda ocasião, de modo que o que está registrado nos versículos 2-4 ocorreu
entre as duas visitas. Seja como for, é claro que ao nascer do Sol, no primeiro
dia da semana, Cristo estava ressuscitado.
Um terremoto
sinalizou Sua morte e um grande terremoto anunciava Sua ressurreição, embora
aparentemente localizado, pois estava ligado à descida do anjo do Senhor. As
autoridades da Terra selaram o sepulcro, mas uma autoridade imensamente
superior quebrou o selo e arremessou a porta de pedra para trás. Na sua
presença, os guardas tremeram e foram atingidos pela inconsciência da morte. O sepulcro
selado era o desafio de homens audaciosos. Deus aceitou seu desafio, quebrou
seu poder e reduziu seus representantes ao nada. O Senhor Jesus havia sido ressuscitado
pelo poder de Deus e o sepulcro foi aberto para que os homens pudessem ver que,
sem dúvida, Ele não estava lá. O anjo não apenas removeu a pedra, mas sentou-se
sobre ela, colocando-se como um selo sobre ela em sua nova posição, para que
ninguém a rolasse de volta até que um grande número de testemunhas tivesse
visto o túmulo vazio.
Mateus nos fala
de um anjo sentado na pedra. Marcos nos fala de um sentado do lado direito, mas
dentro do túmulo. Lucas e João falam de dois anjos. No entanto, todos eles nos
mostram que, embora as mulheres temessem na presença dos anjos, não eram
feridas como os soldados. Elas estavam buscando o Jesus crucificado, então “não temais”, era a palavra para elas.
Sua ressurreição foi anunciada e elas foram convidadas a ver o local onde Seu
corpo havia jazido, e onde, conforme aprendemos no relato de João, os lençóis
de linho estavam todos em seu lugar e intocados, mas dos quais o corpo sagrado
havia desaparecido. Era preciso apenas ver o lugar onde Ele estava para se
convencer de que o corpo não havia sido levado ou roubado. Um ato sobrenatural
havia ocorrido; e elas deviam ir como mensageiras aos discípulos, dizendo-lhes
que O encontrassem na Galileia.
Embora cheias de
conflitantes emoções de medo e gozo, as mulheres receberam a palavra do anjo
com fé e consequentemente partiram em obediência. A obediência de fé foi
rapidamente recompensada por uma aparição do próprio Senhor ressuscitado, e
isto as trouxe a Seus pés como adoradoras, e as enviou em seu caminho como
mensageiras do Senhor e não meramente do anjo. Na ocasião da última ceia, o
Senhor designou a Galileia como o ponto de encontro e confirmou-o a elas.
O parágrafo
entre parênteses, versículos 11-15, nos fornece um contraste impressionante. Passamos
da brilhante cena da ressurreição com gozo, fé, adoração e testemunho, para as
densas trevas da descrença com ódio, conspiração, suborno e corrupção,
resultando em uma mentira de um tipo tão flagrante que sua falsidade foi completamente
exposta diante deles. Se eles
estivessem dormindo, como poderiam saber o que havia acontecido? O dinheiro e o
amor a ele estão na raiz desse mal específico. Os soldados foram subornados e
devemos supor que a persuasão do governador seria alcançada da mesma maneira.
Qualquer coisa para impedir que a verdade quanto à ressurreição se espalhasse!
Eles perceberam como isso destruiria a causa deles enquanto estabeleceria a
Sua, e o diabo, que os movia, percebeu isso muito mais intensamente do que
eles. Eles deram apenas trinta moedas de
prata a Judas para cercar Sua morte, mas deram muito dinheiro aos soldados, esforçando-se para abafar o fato de
Sua ressurreição.
O evangelho
termina com os discípulos encontrando o seu Senhor ressuscitado na Galileia e
com a comissão que Ele lhes deu ali. Nenhuma menção é feita das várias
aparições em Jerusalém ou da ascensão de Betânia. Enquanto este evangelho
indica o estabelecimento da Igreja, ele traçou para nós principalmente a
transição da apresentação do reino como conectada com o Messias sobre a Terra,
como predito pelos profetas, para o reino dos céus em sua forma atual: isto é,
de uma forma em mistério enquanto o
Rei está oculto nos céus. Jerusalém era o lugar onde eles deveriam receber o
Espírito e ser batizados em o corpo, a Igreja, “não muito depois destes dias” (At 1:5); a Galileia era o distrito
onde foi encontrada a grande maioria do remanescente piedoso de Israel que,
recebendo-O, entrou no reino enquanto a massa do povo o deixou escapar.
Então o Senhor
retomou os elos com aquele remanescente em ressurreição, os onze discípulos
sendo os membros mais proeminentes dele; e, embora não ouvimos que Ele foi elevado
para o céu, mesmo assim Ele os comissionou como se estivesse falando do céu,
pois todo poder era Seu, tanto no céu quanto na Terra. Ainda não havia chegado
a hora de revelar plenamente a tarefa Cristã de reunir de entre as nações um
povo para o Seu nome: os termos aqui são mais gerais. Eles deveriam ir e fazer
discípulos e batizá-los, e esta é uma comissão que pode ser assumida pelo
remanescente crente de Israel depois que a Igreja se for. Como Israel foi
batizado a Moisés, seu líder, assim o discípulo deve ser batizado para o Cristo
ressuscitado como estando sob Sua autoridade, e o batismo deve ser em nome de
Deus como Ele foi completamente revelado. Não é plural, mas singular – não “em nomes”,
mas “em nome” – pois, embora
revelada em três Pessoas, a Divindade é uma só.
A palavra final
é: “eis que Eu estou convosco todos os
dias, até à consumação dos séculos”, de modo que, nesta palavra final temos
“todo”, não menos do que quatro vezes. Nosso exaltado Senhor
exerce todo o poder em ambas as
esferas, de modo que nada está além de Seu alcance. Se algo adverso acontecer
aos Seus servos, será sob Sua permissão. Todas
as nações é a esfera do serviço deles, e não no meio de Israel apenas como
antes. Os batizados das nações devem ser ensinados a observar todos os mandamentos e instruções do
Senhor, pois os servos devem ser caracterizados pela obediência e também trazer
à obediência aqueles que eles alcançarem. Então, todos os dias até o fim, eles podem contar com o apoio e a presença
espiritual de seu Mestre.
Tal é a comissão
com a qual o evangelho termina. Enquanto nos movemos em direção aos Atos e
passamos pelas Epístolas, descobrimos que vêm à luz desdobramentos que nos fornecem
a comissão evangélica completa de hoje, mas não perdemos a luz e o benefício do
que o Senhor diz aqui. Ainda vamos a todas as nações, batizando no Nome. Ainda
temos que ensinar toda a Palavra do Senhor. Todo poder ainda é d’Ele. Sua
presença estará conosco todos os dias até o fim dos tempos, não importa o que
possa acontecer.
MATEUS 27
MATEUS 27
As cenas de
encerramento da vida do Senhor são contadas por Mateus de uma maneira que
enfatiza a excessiva culpa dos líderes de Israel. Essa característica foi
perceptível durante todo o tempo, e a vemos especialmente em Mateus 23. Os
versículos iniciais deste capítulo nos mostram que, embora Sua condenação
oficial tivesse que vir de Pilatos, ainda assim o ânimo que O perseguiu até a
morte foi encontrado nos líderes.
A sequência da
história é quebrada por um parágrafo entre parêntese, dando-nos o miserável fim
de Judas. Parece que ele esperava que o Senhor escapasse de Seus adversários e
passasse pelo meio deles como havia feito outrora, mas agora, vendo-O condenado
e submetendo-Se às suas mãos, estava cheio de remorso e horror pelo que fizera.
Não era o genuíno “arrependimento para a
salvação, que a ninguém traz pesar” (ARA), pois isso anda de mãos dadas com
fé. Agora fé era o que lhe faltava, pois se ele a possuísse, ele teria se
voltado para seu Mestre como Pedro, que também falhou gravemente. Seus olhos se
abriram para o seu pecado e ele o confessou, ao mesmo tempo em que confessava a
inocência de Jesus, mas mesmo assim se precipitou da vida para o túmulo de um
suicida. O próprio homem que foi o instrumental em entregar o Salvador a Seus
inimigos teve que confessar Sua inocência. Deus assim ordenou isto; e é muito
impressionante.
O próprio nome,
Judas, tornou-se um sinônimo de iniquidade, mas Anás e Caifás eram piores do
que ele. O versículo 4 mostra isso. Judas traiu e eles condenaram o sangue
inocente. Ele pelo menos tinha algum sentimento de remorso pelo que fizera – o
suficiente para levá-lo à destruição própria. Eles não tinham sentimento algum.
O que era sangue inocente para eles? Não tinham remorso em derramar, nem tinham
medo do Deus que retribui o mal. Eles estavam preparados para “matar os inocentes”, dizendo em seus
corações: “Tu não o vingarás” (Sl
10:8, 13 – TB). Se tivessem o menor temor de Deus, nunca teriam dito: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos
filhos”, conforme registrado em nosso capítulo.
Judas nunca desfrutou
de suas trinta moedas de prata. Seduzido e finalmente possuído pelo diabo, ele
jogou fora tudo por nada. Esse é sempre o fim da história quando pequenos homens
néscios tentam fazer uma barganha com o gigante espírito do mal. A prata estava
agora novamente nas mãos dos sacerdotes e se tornou a ocasião para eles
coroarem seus outros pecados com suprema hipocrisia. Com escrúpulos legalistas,
eles não podiam colocá-las no tesouro porque era preço de sangue. Mas quem as
tornou assim? Eles mesmos! Então, eles cumpriram a escritura comprando o campo
do oleiro. Seu ato tornou-se público e, assim, o campo adquiriu seu nome. A ironia do julgamento governamental divino pode ser
discernida no nome, pois aquela terra tem sido um campo de sangue e um local de
sepultamento para estrangeiros desde aquele dia; e será ainda em maior medida,
e até o dia em que finalmente o Redentor chegará a Sião.
As autoridades
religiosas entregaram Jesus ao governador civil, e os versículos 11-26 relatam
o que aconteceu diante dele. Quando examinado por Pilatos perante a multidão,
Jesus apenas proferiu duas palavras: “Tu
dizes”, o equivalente a uma palavra, “Sim”, Ele confessou que realmente era
o Rei dos judeus, que era a acusação específica colocada sobre Si na presença
do poder romano. Os três evangelhos sinóticos[1] concordam sobre
este ponto. João registra outras questões levantadas por Pilatos e respondidas
pelo Senhor na relativa privacidade da sala de julgamento, e três vezes ele
registra Pilatos saindo dali para o povo. No que diz respeito ao exame público,
Jesus “nada respondeu”, pois
realmente não havia nada para responder; como Pilatos logo percebeu, embora ele
se maravilhasse grandemente. Ele era bem versado nos modos sutis dos judeus e
sua acurada mente jurídica logo percebeu que a inveja estava no fundo da acusação.
Por outro lado, ele temia a multidão e queria ficar bem com ela.
Por essa causa,
Pilatos tinha uma mente estranhamente perturbada. Para condenar Jesus, ele deveria
violar seu senso judicial, bem como o sonho e a intuição de sua esposa. Ele
estava evidentemente agitado quando o subterfúgio falhou, com o qual ele
esperava se livrar do dilema. A multidão acusadora foi persuadida pelos astutos
sacerdotes e anciãos. A única figura serena na terrível cena é a do próprio Prisioneiro.
Vemos Pilatos virtualmente abdicando de sua função judicial no caso e jogando a
responsabilidade sobre o povo. Ele realmente não se absolveu, é claro, mas isso
levou a multidão a se colocar sob total responsabilidade pelo sangue de seu
Messias. No versículo 25, encontramos a explicação das tristezas que caíram
sobre o povo e que continuaram a seguir insistentemente os passos de seus
filhos até hoje. Eles ainda precisam enfrentar a grande tribulação antes que as
contas sejam acertadas de acordo com o governo de Deus.
Barrabás foi
libertado e Jesus condenado a ser crucificado, e nos próximos versículos (27-37)
vemos Jesus nas mãos dos soldados romanos. Aqui vemos zombaria vulgar,
brutalidade e, finalmente, o ato da crucificação. Para completar Sua humilhação,
eles O contaram entre os transgressores colocando um ladrão de cada lado. Não
houve justiça, nem misericórdia, nem simples compaixão, estivesse Ele nas mãos
das autoridades religiosas, civis ou militares. Judeus e gentios igualmente se
condenaram ao condená-Lo.
Os versículos
39-44 mostram-nos como todas as classes se uniram para injuriá-Lo quando Ele
estava morrendo na cruz. Criminosos inveterados de maneira profunda tiveram que
ouvir palavras severas quando foram condenados à morte, mas não ouvimos falar
sequer do mais atroz e depravado sendo ridicularizado em suas agonias de morte.
No entanto, foi o que aconteceu quando aqu’Ele que era a personificação de toda
a perfeição, divina e humana, estava na cruz. Não houve diferença, exceto no
tipo de linguagem utilizada. “os que
passaram” eram as pessoas comuns inclinadas aos negócios. “Os principais sacerdotes com os escribas e
anciãos” eram as classes superiores. “Os
salteadores” também “O mesmo lhe
lançaram em rosto”. Eles representavam a mais baixa, a classe criminosa;
mas eles apenas seguiram a forma de agir de maneira grosseira e vulgar. Ele era
o Filho de Deus e o Rei de Israel: Ele poderia ter mostrado Seu poder tão
facilmente quanto Ele o apresentará em julgamento muito em breve. Porém Ele
estava exibindo amor divino permanecendo onde os homens O colocaram com mãos
perversas e suportando Ele mesmo o julgamento do pecado.
Mateus não
desenvolve isso de um modo doutrinário, mas ele passa adiante para registrar as
solenes três horas de trevas, perto do final de tal tempo o santo Sofredor proferiu
em alta voz o brado que havia sido escrito pelo Espírito de profecia nas
palavras iniciais do Salmo 22, 1.000 anos antes. A resposta ao clamor é
fornecida no terceiro versículo do Salmo: “Tu
és Santo, O que habitas entre os louvores de Israel”. Um Deus santo pode
somente habitar entre os louvores de um povo pecador se a expiação for consumada
ao ser suportado o julgamento do pecado. O abandono era o resultado inevitável
daqu’Ele que não conheceu pecado, sendo feito pecado por nós. Os espectadores
não sabiam nada disso: de fato, eles não pareciam capazes de distinguir entre
Deus e Elias.
Depois disso,
houve, como registrado no versículo 50, um último alto brado, e então a entrega
de Seu espírito. As palavras reais desse último brado nos são dadas em parte em
João e em parte em Lucas. Foi um alto brado, mostrando que Sua força não estava
enfraquecida, e assim a entrega de Seu espírito foi um ato de Sua própria
deliberação. Sua morte foi sobrenatural e foi imediatamente seguida por sinais
sobrenaturais, indicando sua significância e poder.
O primeiro desses atos foi Deus tocando o
véu do templo, que tipificava Sua carne, como Hebreus 10 nos diz. Sob a lei “o caminho do santuário não estava
descoberto” (Hb 9 8); mas agora foi feito “manifesto” (ARA), pois a morte de Cristo é a base de nossa
aproximação a Deus. O segundo ato
tocou a criação material, pois a Terra tremeu, as pedras foram fendidas e os
sepulcros abertos. O terceiro tocou
os corpos dos santos que dormiam e, após a Sua ressurreição, eles surgiram e
apareceram a muitos em Jerusalém. Um testemunho triplo foi assim apresentado da
maneira mais impressionante. O primeiro dizia respeito à presença de Deus, mas
ocorreu na figura do véu, que era visto apenas pelos olhos dos sacerdotes. O
segundo, no reino da natureza, deve ter sido sentido por todos. O terceiro, sem
dúvida, era para os olhos dos verdadeiros santos. Além desses sinais, o Sol deixou
de brilhar. Houve amplo testemunho da maravilha daquela hora, mesmo assim não
lemos de ninguém sendo impressionado, exceto o centurião de plantão e os que
estavam com ele. No seu coração foi forjada a convicção de que aqui estava o
Filho de Deus – exatamente aquilo que o Seu povo negou, e ainda nega.
Como é
frequentemente o caso, quando os homens falham em coragem e devoção, as
mulheres suprem a falta. Os discípulos haviam desaparecido, mas muitas mulheres
permaneciam em volta da cena, embora estivessem de longe. Um homem, porém, se
adiantou e teve a coragem de se identificar com o Cristo morto, pedindo o Seu
corpo a Pilatos, e era alguém inesperado. Ele era um discípulo de Jesus, mas
até então em oculto, como nos é dito no evangelho de João. Ali estava o homem
rico com o novo túmulo, que agia de tal maneira que Isaías 53:9 se cumpriu. Não
sabemos nada que José de Arimateia tenha feito a não ser este ato. Deus nunca
deixa de ter um servo da Sua vontade que cumpra a Sua Palavra. José nasceu no
mundo para cumprir aquela breve afirmação profética e, assim, embora os homens
tivessem designado Seu túmulo com os iníquos, Ele estava com os ricos em Sua
morte.
As mulheres que
foram testemunhas de Sua morte e Seu sepultamento foram caracterizadas pela
devoção, mas não pela inteligência. Foram Seus amargos inimigos que lembraram de
que Ele havia predito que Ele ressuscitaria dos mortos. Seu ódio aguçou suas
memórias e sua sagacidade, e levou a sua delegação a Pilatos com um pedido de
precauções especiais a serem tomadas. Suas conquistas em vida eles repudiam,
considerando-as como o primeiro erro. Eles temiam que Sua ressurreição fosse
estabelecida, percebendo que isso teria efeitos muito mais poderosos. Para sua
mente isso seria o último erro e pior que o primeiro. Isso iria inevitavelmente
justificá-Lo e condená-los, como eles viram muito bem.
Assim como com
José, assim com esses homens, Pilatos estava de ânimo condescendente. O pedido
deles foi concedido: a vigilância dos soldados foi estabelecida, mas parece que
houve um toque de ironia em suas palavras: “ide,
tornai-o seguro, como entendeis” (AIBB). Eles fizeram tudo o que puderam e,
como resultado, nada conseguiram a não ser colocar o fato de Sua ressurreição além de qualquer
dúvida plausível quando Ele ressuscitou, e seus elaborados arranjos foram todos
postos de lado. Deus transformou sua sabedoria em loucura e fez com que sua conspiração
servisse ao Seu próprio propósito e derrubasse o deles.
[1] N. do T.: Evangelhos Sinópticos
ou Evangelhos Sinóticos é um termo que designa os Evangelhos de
Mateus, Marcos, Lucas por conterem uma grande quantidade de histórias em comum,
na mesma sequência, e algumas vezes utilizando exatamente a mesma estrutura de
palavras.
MATEUS 26
MATEUS 26
Este capítulo
nos traz de volta à história dos últimos dias da vida do Senhor na Terra. Pelos
versículos iniciais damos uma espiada no palácio do sumo sacerdote, e percebemos
que ele está cheio de astúcias e conselhos de homicídio. Nos versículos 6 e 13,
nos voltamos desta iniquidade mais atroz nos lugares mais elevados para
observar uma ação de amor e devoção em um lar humilde, onde moravam alguns do
remanescente piedoso. De João 12 concluímos que a mulher era Maria de Betânia.
Ela evidentemente ungiu tanto Sua cabeça como Seus pés, mas Mateus, enfatizando
Seu caráter de Rei, menciona que Sua cabeça foi ungida, como convém a um rei:
João, enfatizando Sua Deidade, nos diz que Seus pés foram ungidos, embora um
grande servo como João Batista não fosse digno de desatar Suas sandálias.
Os discípulos
estavam inteiramente fora de sintonia diante deste ato de devoção,
considerando-o como mero desperdício. A queixa deles foi instigada por Judas
Iscariotes, como o evangelho de João nos mostra, mas revelou-os como pensando
primeiro em dinheiro e depois em pobres, ignorantes e confusos quanto à Sua
morte que se aproximava. A mulher não pensava nem em dinheiro nem em pobre.
Cristo encheu sua visão e Ele soube interpretar sua ação. Muito provavelmente
ela agiu mais por instinto do que por inteligência; mas ela estava consciente
de que a morte agora ameaçava o Objeto de sua afeição e adoração, e o Senhor
aceitou o que ela fez quanto ao Seu sepultamento. Ele não somente aprovou, mas
ordenou que seu ato devotado fosse mantido em lembrança contínua onde quer que
o evangelho fosse pregado. E assim tem sido.
A devoção da
mulher se levanta no mais forte contraste possível com o ódio dos líderes
religiosos, relacionado no parágrafo anterior, e a traição de Judas,
relacionada no parágrafo seguinte. A violência atingiu seu clímax nos líderes –
eles O matariam imediatamente sem escrúpulos. A corrupção alcançou seu clímax
em Judas, que, tendo acompanhado Jesus por três anos, estava desejoso de obter
o lucro insignificante de trinta moedas de prata por sua traição. Um escravo em
Israel era estimado como valendo trinta siclos de prata, como Êxodo 21:32
mostra.
Então,
novamente, se o segundo parágrafo do nosso capítulo (vs. 6-13) nos mostra a
devoção de uma discípula ao seu Senhor, o quarto parágrafo (v. 17 em diante)
nos mostra a preocupação do Senhor por Seus discípulos, e como Ele contava com
a lembrança deles de Si mesmo durante o tempo de Sua ausência que se aproximava.
A páscoa foi
comida no lugar escolhido pelo Senhor e, ao ela acontecer, Ele identificou o
traidor e avisou-o de seu destino. A ida do Filho do Homem à morte pela traição
havia sido predita nas Escrituras Sagradas, mas isso em nada diminuía a
gravidade do ato do traidor. O fato de que Deus é onisciente e pode predizer os
atos dos homens não os isenta da responsabilidade pelo que eles fazem. Por seu
ato, Judas revelou a verdade de quem ele era. Jesus estava prestes a revelar-Se
plenamente por sua morte.
Quando a celebração
da Páscoa chegou ao fim, Jesus instituiu Sua ceia como memorial de Seu corpo entregue
e Seu sangue derramado por nós para remissão dos pecados. Nas palavras dos versículos
26-29 não há nada que definitivamente afirme que a instituição deve ser
observada até que Ele venha novamente: para isso temos que nos voltar para 1
Coríntios 11. O fato é deduzido do versículo 29, porque o cálice fala de bênção
e gozo, e do qual o Senhor beberá de uma nova maneira quando o reino chegar:
enquanto isso o cálice é para nós e não para Ele. Hoje Ele é caracterizado por
paciência: no dia do reino Ele entrará na bênção e gozo de um modo totalmente
novo. Enquanto isso, temos o memorial de Sua morte, pois nela Seu corpo e
sangue são apresentados a nós não conjuntamente, embora Ele fosse um homem vivo
na Terra, mas separadamente: este pão, Seu corpo e aquele cálice de vinho, Seu
sangue derramado; simbolizando assim a Sua morte.
A caminho do
Monte das Oliveiras, Jesus predisse como a Sua morte significaria a dispersão
deles, como as Escrituras haviam dito, mas Ele indicou-lhes a Sua ressurreição
e designou um local de encontro na Galileia, onde Ele os reuniria novamente.
Pedro, no entanto, cheio de confiança própria, resistiu à advertência para sua
própria queda, e também demonstrou a sua não percepção do fato e importância da
ressurreição. Todos os discípulos foram caracterizados pela mesma coisa, embora
não no mesmo grau.
Eles foram muito
cedo colocados em teste no Getsêmani. Ali Jesus entrou em espírito na tristeza
da morte que estava diante d’Ele, mas totalmente em comunhão com o Seu Pai. Sua
própria perfeição fez com que Ele Se afastasse de tudo o que estava envolvido
no sofrimento e da morte que o julgamento de Deus produziria; mas aceitou o
cálice da mão do Pai. Além disso, foi um tributo à perfeição de Sua Humanidade
que Ele desejasse a empatia dos discípulos escolhidos, mas a palavra profética
foi cumprida – “esperei por alguém que tivesse
compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei” (Sl
69:20). Pedro e os outros, que tinham tanta certeza de que nunca o negariam,
não puderam vigiar com Ele uma hora. A carne deles era fraca demais, mas ainda
não sabiam disso. Nem sabiam que a traição de Judas estava se concretizando, e
a crise estava sobre eles.
Mas assim foi, e
no resto deste capítulo vemos o surpreendente contraste entre o Cristo de Deus
e todos os outros que de alguma forma entraram em contato com Ele. Todos exibem
suas próprias deformidades peculiares: A única figura serena no centro da cena
é a Sua.
Primeiro vem
Judas, o traidor; mascarando sua traição com tamanha hipocrisia que dezenove
séculos depois do evento “o beijo do traidor” continua sendo uma proverbial
expressão de nojo. Na linguagem do Salmo 41:9, aqui estava “Meu próprio amigo íntimo, em quem Eu tanto confiava, que comia do Meu
pão, levantou contra Mim o seu calcanhar”. Por isso, Jesus Se dirigiu a ele
como “Amigo”, e fez-lhe a pergunta indagadora,
“a que vieste?” Ele viera para trair
o seu Mestre para poder ganhar trinta insignificantes moedas de prata.
A hipocrisia
doentia do falso discípulo é seguida pelo zelo carnal de um verdadeiro, a quem
sabemos ser Pedro pelo evangelho de João. O homem cheio de confiança própria
dorme quando deveria estar acordado, e fere quando deveria estar quieto, quando
sua ação teria sido para o descrédito de seu Mestre, caso ela não tivesse sido
anulada. Está chegando o tempo em que “os
santos” exultarão “em glória” (JND),
quando “os altos louvores a Deus”
estarão “em seus lábios” (ARA) com “espada de dois fios nas suas mãos para
tomarem vingança” (Sl 149:5-7); mas isso é no tempo do segundo Advento e
não no primeiro. A ação de Pedro estava totalmente fora de lugar e o encorajava
a um golpe de espada sobre si mesmo. Também estava inteiramente fora de
harmonia com a atitude de seu Mestre, que tinha um poder irresistível à Sua
disposição e, ainda assim, sofreu Ele mesmo como Cordeiro entregue ao
matadouro, como a Escritura havia indicado.
Quando Deus estava
para apagar de debaixo do céu as cidades da planície, Ele enviou apenas dois anjos para dar o golpe. Se doze legiões tivessem sido lançadas no
mundo rebelde, o que teria acontecido? A oração que os teria invocado não foi
proferida, e o golpe de Pedro, que atingiu tanto a ele como a seu Mestre, foi
simplesmente absurdo. Quando nos contentamos em sofrer como Cristãos, somos
espiritualmente vitoriosos; quando pegamos a espada, perdemos a batalha
espiritual e finalmente perecemos pela espada. Uma das principais razões pelas
quais a Reforma, de cinco séculos atrás, foi tão gravemente detida e
desfigurada foi que seus promotores principais tomaram da espada em sua defesa,
e assim a transformaram em um movimento nacional e político, em vez de
espiritual.
Em seguida,
vemos o Senhor lidando calmamente com a multidão que, liderada por Judas, veio
prendê-lo. Mostrou-lhes a inadequação e até a loucura de suas ações. No
entanto, na presença dela, a fortaleza de todos os discípulos desmoronou e eles
abandonaram o seu Mestre e fugiram. Assim são até mesmo os melhores dos homens!
A multidão O
entregou aos líderes de Israel, e esses homens que afirmavam representar a
Deus, haviam jogado fora qualquer pretensão de buscar justiça. Não nos é dito
que foram induzidos a erro ao aceitar
provas falsas, nem que foram tentados
a receber o erro porque foi imposto a eles. Não, nos é dito que eles “buscavam
falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte”. Eles BUSCAVAM.
Já houve alguma vez, nos perguntamos, outro julgamento sobre esta Terra onde os
juízes começassem a caçar mentirosos, para que condenassem o acusado? Assim foi
aqui; e na presença disso, Jesus manteve a Sua paz. Sendo o julgamento
completamente divorciado da justiça, Ele os recebeu com uma dignidade que era divina,
e Ele somente falou para afirmar Seu “estado de ser o Cristo”[1], Sua Filiação, e
afirmar Sua glória vindoura como o Filho do Homem.
Nisto eles O
condenaram, mas o sumo sacerdote violou a lei, rasgando suas roupas ao
condená-Lo, por meio do que, apenas condenou a si mesmo. Este foi o sinal para
um pandemônio de insultos, no meio do qual estava a figura serena de nosso
Salvador e nosso Senhor. A brilhante calma de Sua presença nos ajuda a ver a tenebrosa
degradação em que se afundaram.
Por fim, neste
capítulo, Pedro colhe o que semeara em sua confiança própria. Lemos que ele “O seguiu de longe” no versículo 58,
agora o encontramos entre os inimigos de seu Senhor e incapaz de ficar em pé.
Ele prova ser fraco exatamente onde parecia ser forte, tanto quanto a
impetuosidade não é a mesma coisa que coragem. A energia carnal o impeliu a uma
posição em que ele nunca deveria ter estado, e ele caiu. Não podemos atirar
pedras nele. Em vez disso, vamos orar para que, se nos encontrarmos em uma
situação semelhante, possa nos ser concedido arrependimento semelhante ao
registrado no último verso – um arrependimento que começou assim que a queda
havia sido consumada.
[1]
N. do T.: O autor usa aqui a palavra “Christhood”
que não tem uma correspondente em português, mas cuja definição seria “o estado ou fato de ser o Cristo”.
segunda-feira, 1 de abril de 2019
MATEUS 25
MATEUS 25
A parábola das
dez virgens dá início a este capítulo. Este mundo apresenta uma cena muito
emaranhada em todas as direções. A vinda do Senhor vai produzir um completo desembaraçamento.
Já vimos isso nas parábolas do trigo e do joio, e da rede lançada no mar, em
Mateus. 13, e novamente nos versículos que acabamos de considerar no final de
Mateus 24. Encontramos novamente o mesmo grande fato nesta nova semelhança do
reino dos céus. O Senhor já havia mencionado a Igreja de uma maneira
antecipatória, mas Ele não diz aqui: “Então a Igreja será semelhante...” mas “ o reino dos céus”, que é mais amplo
que a Igreja, embora que a inclua. Portanto, as “dez virgens” não representam a Igreja distintamente, embora estejam incluídas em seu escopo.
Assim, estamos com
certeza corretos em aplicar a parábola aos santos do momento presente – a nós
mesmos. As virgens “saíram” para
encontrar o noivo, e fomos chamados para fora do mundo para esperar pelo
Senhor. Ali sobrevém um período de esquecimento e adormecimento na história da Igreja.
Um grito inspirador sobre a vinda do Noivo foi soado, um grito que disse: “Saí ao Seu encontro” (ARA), isto é, retorne
para a sua posição original como um povo chamado. Enquanto havia sonolência,
havia pouca ou nenhuma diferença discernível entre a verdadeira e a falsa, mas assim
que elas despertaram e voltaram ao seu lugar original, a diferença se
manifestou, e aquelas que não tinham óleo foram reveladas. O óleo representa o
Espírito Santo, e “se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é d’Ele” (Rm 8:9).
Essa parábola
foi usada para apoiar a ideia de que somente crentes devotados e plenamente
despertos encontrarão o Senhor quando Ele vier, e que os crentes de menor
mérito serão penalizados. Nós acreditamos que isso seja um erro. O ponto por
toda esta passagem é a maneira pela qual a vinda do Senhor fará completa
separação entre aqueles que realmente são d’Ele e aqueles que não são. Nesta
parábola, vemos a separação feita entre o real e o falso na esfera da
profissão, e o selo do Espírito é possuído apenas pelos que são verdadeiramente
de Cristo. O fechamento da porta selou a rejeição do falso. As “insensatas” (TB) não representam os
que caíram, mas que uma vez conheceram o Senhor e foram conhecidos por Ele. A
palavra não é “uma vez Eu te conheci, mas agora te rejeito”, mas sim: “Eu não vos conheço”. Ora, o Senhor
conhece aqueles que são Seus, mas estes eram estranhos para Ele.
No versículo 13,
o Senhor aplica essa parábola a Seus discípulos e a nós. Não conhecemos o tempo
da vinda do Filho do Homem, e devemos vigiar. Assim, mais e mais, Ele traz Seu
ensinamento profético para induzir nosso caráter e comportamento. Ele não nos
dá luz quanto ao que está vindo apenas para informar nossas mentes e satisfazer
nossos desejos. Assim, depois de nos exortar à vigilância, Ele mostra no
restante deste capítulo como Sua vinda nos afetará como servos e, de fato, como
isso afetará o mundo. O desembaraçamento que Sua vinda causará estará completo.
A parábola dos
servos e dos talentos é trazida para reforçar a exortação à vigilância, dada no
versículo 13; e mostra como a vinda do Filho do Homem testará todos os que
tomam a posição de Seus servos, e leva à expulsão de tudo o que não é verdadeiro.
É um pensamento calculado para que todos reflitam que durante o tempo de Sua
ausência; o Senhor tem confiado Seus “bens”
para o Seu povo. Seus interesses foram colocados em nossas mãos, e não podemos
evitar o ponto da parábola, dizendo: “Eu não tenho nenhum dom especial e,
portanto, isso não se aplica a mim”.
O mestre entregou
seus bens aos seus servos, “a cada um”
deles, e Ele teve a discriminação que Lhe permitiu avaliar a capacidade de cada
um, e assim Ele distribuiu para cada “segundo
a sua capacidade [suas várias
habilidades – KJV]”. Podemos
distinguir, portanto, entre os dons que podem ter sido concedidos a nós e as
habilidades que podemos possuir, sempre lembrando de que o Senhor ajusta a
relação entre as duas coisas. Nossas habilidades se referem aos nossos poderes
naturais, assim como nossos poderes espirituais, e se estes não forem cinco bem
grandes talentos, ou mesmo dois, podem ser apenas um fardo para nós. Se é
assim, o Senhor sabe disso e só nos dá um. Podemos conectar isso com os dons mencionados
em Romanos 12:6-15, que são de tal caráter que se referem a todo o povo de
Deus. Quer o dom concedido seja grande ou pequeno, a grande coisa é usá-lo com
diligência.
Igual diligência
foi demonstrada pelos servos que receberam os cinco e os dois talentos. Cada um
conseguiu duplicar o que lhe fora confiado e, quando o senhor deles retornou,
ambos compartilharam igualmente sua aprovação e recompensa. Novamente nesta
parábola, note-se, o contraste não está entre a maior ou menor fidelidade e
diligência, que podem caracterizar verdadeiros servos, mas entre servos que
eram verdadeiros, embora que sua medida de capacidade fosse diferente, e o que definitivamente
não era um verdadeiro servo. Aquele que recebera aquele um talento, ocultou-o
na terra, em vez de usá-lo no interesse do seu senhor; e isso ele fez porque
não tinha verdadeiro conhecimento de seu senhor. Ele alegou saber que ele era
um homem duro, exigindo mais do que o devido, alguém para se ter medo. Seu
senhor o recebeu com base no conhecimento que ele afirmava ter, e mostrou que
sua alegação só agravou sua culpa, pois se então ele fosse um homem duro, mais
razão haveria para o uso diligente do talento confiado.
Na realidade, o
senhor era tudo menos um homem duro, como testemunhado pelo seu tratamento com os
servos que eram bons e fiéis. O ponto da questão era que este servo não tinha
conhecimento verdadeiro de seu senhor, nenhum elo verdadeiro com ele. Como
resultado, ele perdeu tudo o que lhe havia sido confiado e foi lançado nas
trevas exteriores, onde havia choro e ranger de dentes, assim como foi o falso servo
retratado no final do capítulo anterior. Na parábola semelhante registrada em
Lucas 19, a distinção é feita entre os diferentes servos com seus graus de zelo
e fidelidade, e eles são recompensados de acordo. O servo com uma mina sofre
perda, mas ele não é lançado nas trevas exteriores. É digno de nota que, em
ambos os casos, o fracasso é visto com o homem a quem é confiado o mínimo. Se
investigarmos nossos próprios corações, reconheceremos que, quando somos
capazes apenas de coisas pequenas, nossa tendência é não fazer nada. O Senhor
certamente honrará o servo que, embora de pequena capacidade, faz as pequenas
coisas com zelo e fidelidade.
O parágrafo
final deste capítulo (vs. 31-46) não é apresentado como uma parábola. As
parábolas começaram com o versículo 32 de Mateus 24, e agora que estão completas,
o versículo 31 retoma o fio da narrativa profética a partir do capítulo 24:31.
Quando Ele vier, o Filho do Homem não apenas reunirá Seus eleitos, mas
convocará as nações diante d’Ele, para que possa haver um completo desembaraçamento
por toda a Terra do bom e do mal. Todas as nações devem ser reunidas diante d’Ele,
e a cena acontece na Terra. No julgamento final, quando a Terra e o céu fogem,
predito em Apocalipse 20, nenhuma nação aparece: são apenas “os morto, pequenos e grandes”, pois na
morte todas as distinções nacionais desaparecem.
Outras
escrituras nos informam sobre os julgamentos marciais a serem executados por
Cristo em Pessoa, quando no Armagedom, os poderosos exércitos dos vários reis
da Terra serão destruídos. Esses julgamentos, no entanto, ainda deixarão
multidões de não-combatentes, e todos estes devem passar diante do escrutínio
do Filho do Homem, pois somente Ele pode discriminar e desembaraçar com
sabedoria infalível. Ele fará isso como o pastor aparta os bodes das ovelhas; e
as consequências, dependendo do Seu julgamento, serão eternas assim como serão
no julgamento do grande trono branco. Tanto nessa sessão de julgamento quanto
naquela, os homens serão julgados de acordo com suas obras.
O verdadeiro
estado de todo coração é conhecido por Deus totalmente à parte das obras;
todavia, quando o juízo público é instituído, é sempre de acordo com as obras,
uma vez que elas indicam clara e infalivelmente como é esse estado, e assim a justiça
dos juízos divinos é manifestada a todos os observadores. Esses mensageiros,
que o Rei considera como “Meus irmãos”,
haviam saído como Seus representantes, e o tratamento que receberam variou de
acordo com a visão que tinham do Filho do Homem que eles representavam. Aqueles
que criam n’Ele identificaram-se com Seus mensageiros, e ministraram a eles em
sua rejeição e aflições: aqueles que não creram n’Ele não prestaram atenção
alguma a eles. Aqueles que tinham fé declararam isso pelas suas obras. Aqueles
que não tinham fé declararam-no igualmente pelas suas obras.
Tome nota do
fato de que o Rei não acusa os condenados de perseguir e aprisionar Seus
servos, mas apenas ignorá-los – tratando-os com negligência. Isso se encaixa
com a grande questão de Hebreus 2: “Como
escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação?” Naquele
dia, ver-se-á que, se os homens tratam a Cristo com negligência, negligenciando
Seus servos, eles entram em eterna condenação.
Quem são estes “Meus irmãos”? Se considerarmos todo o
discurso profético, do qual esta é a parte final, a resposta não é difícil. No
início de Seu discurso, o Senhor dirigiu-Se pessoalmente a Seus discípulos e
disse-lhes como seriam odiados, afligidos e traídos, mas que o fim só viria
quando “este evangelho do reino”
fosse pregado em testemunho para todas as nações, e que aqueles que perseverarem
ao fim serão salvos. Ele falou como se os discípulos que estavam diante d’Ele
estivessem lá no final, porque Ele os via como representativos desses irmãos.
Os “irmãos” no final do discurso são
os discípulos dos últimos dias, que foram representados pelos discípulos dos
primeiros dias, a quem o Senhor estava falando. Agora, embora estes tenham sido
um pouco mais tarde batizados pelo Espírito no único corpo, que é a Igreja,
como registrado em Atos 2, eles eram naquele momento simplesmente um
remanescente de Israel que havia descoberto o Messias em Jesus, e se uniram a
Ele. Eles representaram um similar remanescente de Israel que nos últimos dias
terá seus olhos abertos e tomará o fio partido do “este evangelho do reino” – partido quando Cristo foi rejeitado na
Terra, e tomado e renovado pouco antes de voltar a Terra para reinar.
No parágrafo
final de Mateus. 25 o fim é chegado. O Filho do Homem é o Rei, os discípulos
que perseveraram até o fim são salvos, as nações são julgadas, o desembaraço do
bem e do mal é completo, o resultado do julgamento é eterno. Três vezes a
palavra “eterno” ocorre. O castigo
do ímpio e o fogo para o qual vão são eternos: a vida em que o justo passa é
eterna. O oposto da vida não é a cessação da existência, como seria se a vida
meramente significasse a existência como resultado da centelha vital que
permanece em nós: Porém é castigo, porque a vida eterna significa toda a esfera
das verdades abençoadas e eternas em que os justos se moverão para sempre. O
ponto aqui não é que a vida esteja neles, mas que eles passam para ela. Naquela
feliz observação, o discurso profético do Senhor termina.
domingo, 31 de março de 2019
MATEUS 24
MATEUS 24
Tudo o que temos
lido, desde Mateus 21:23, ocorreram nos recintos do templo. Agora, em Mateus
24:1, Jesus parte dali, e os discípulos desejaram chamar Sua atenção para
alguns de seus esplêndidos edifícios, e apenas obtiveram d’Ele a previsão de
que seria derrubado até aos alicerces. Isso iniciou as investigações deles quanto
ao tempo do cumprimento de Suas palavras, que eles conectaram com o fim dos
tempos. As primeiras palavras de Sua resposta mostram que Suas predições são
para nos avisar e nos antecipar, e não meramente para ministrar à nossa
curiosidade, ou mesmo à nossa sede de conhecimento exato. Devemos acautelar a
nós mesmos.
Falsos Cristos
são preditos juntamente com guerras e rumores de guerras, mas essas coisas não
indicam o fim. Haverá fomes, pestes, terremotos, assim como guerras, mas estes
são apenas o princípio de dores. Juntamente com estas coisas, haverá a
perseguição e martírio dos discípulos, a apostasia de alguns que professam
discipulado, o surgimento de falsos profetas, a abundância de iniquidade, e o
retrocesso no coração de muitos professos. Numa hora como essa, os verdadeiros
serão marcados pela perseverança até o fim, quando a salvação os alcançar. Além
disso, todo o tempo Deus manterá o Seu próprio testemunho entre todas as
nações, e quando isto for completado, o fim virá.
Três
vezes nestes versículos o Senhor fala do “fim”,
e em cada caso Ele Se refere ao fim dos tempos, a respeito dos quais os
discípulos haviam perguntado. Para Seus verdadeiros discípulos, marcados pela
perseverança, o fim trará a salvação. Ele enfatiza isso primeiro, antes de
dizer que trará julgamento aos Seus inimigos. Note-se que é “este evangelho do reino”, que deve ser
plenamente pregado antes de vir o fim; isto é, o evangelho que o próprio Senhor
havia pregado – veja Mateus 4:23, 9:35 – anunciando o reino como estando às portas.
O evangelho que pregamos hoje – veja 1 Coríntios 15:1-14 – quanto à sua
natureza, não poderia ser declarado antes de Cristo ter morrido.
No tempo do fim,
a abominação da desolação, mencionada em Daniel 12:11, deve ser encontrada no
lugar santo, e Jerusalém está em questão, como mostra o versículo 16.
Evidentemente, haverá novamente um templo com seu lugar santo no tempo do fim,
para ser profanado por essa idolatria supremamente abominável. Nesse momento
será cumprida a profecia de Mateus 12:43-45: o espírito maligno da idolatria entrará
no povo com uma força sete vezes maior, e a massa deles aceitará estar essa
abominação no lugar santo – provavelmente
“a imagem da besta”, mencionada em Apocalipse 13:14-15. Por causa desta iniquidade
extrema, a desolação cairá sobre eles sob o governo de Deus. Então, o
estabelecimento dessa abominação será o sinal para os piedosos de que a grande
tribulação prevista foi iniciada e que sua segurança está em fugir de Jerusalém
e da Judeia, onde a fornalha de aflição terá o seu mais alto calor. O Senhor
estava falando com Seus discípulos, que naquele momento eram apenas israelitas
piedosos ao redor do Messias na Terra, embora atualmente devessem ser
edificados no alicerce da Igreja que estava para ser estabelecida. Portanto,
naquele momento eles representavam não a Igreja, mas o remanescente piedoso de
Israel, ainda observando cuidadosamente a lei do Sábado (v. 20), e muitos deles
localizados na Judeia. Fuga imediata deveria ser a sua conduta. Isso concorda
com o que é exposto simbolicamente em Apocalipse 12:6.
A grande
tribulação é totalmente sem precedentes e nunca será igualada, muito menos
superada. Isto o Senhor declara no versículo 21; e a razão disso é que, como
mostra o livro do Apocalipse, este será um tempo de imposição da ira do céu – o
derramamento das taças do juízo. Não será apenas um caso de homens afligindo
homens, ou uma nação flagelando outras nações, como vemos tão impressionantemente
hoje, mas de Deus açoitando as nações enquanto Ele acerta Suas contas com elas.
A ira de Deus “se revela do céu” (Rm
1:18 – TB), embora ainda não tenha sido executada, e, no que diz respeito às
nações, ela cairá nesse momento. Nações como tais só são encontradas neste
mundo; elas não existem além do túmulo, embora os homens que as compõem existam.
Haverá almas
eleitas na Terra durante a tribulação e por causa delas esse tempo será abreviado,
como o verso 22 nos diz: como fala Romanos 9:28. o Senhor “completará a obra e abreviá-la-á em justiça; porque o Senhor fará
breve a obra sobre a Terra” (ARF), e isso para que um remanescente possa
ser salvo. Hoje Deus está ministrando misericórdia por meio do evangelho, e Ele
tem feito uma obra muito extensa, estendendo-se por até dezenove séculos[1]:
quando Ele ministra ira, Ele fará a obra rápido, abreviando-a em justiça. Um
breve período de três anos e meio irá cobri-la, como mostram outras escrituras.
Assim, a bondade de Deus será manifestada tanto em misericórdia como em ira.
Naquele tempo, o
diabo saberá muito bem que a vinda de Cristo está para acontecer; Daí ele
procurará confundir o assunto levantando impostores e dotando-os de poderes
sobrenaturais, na esperança de enganar os eleitos que esperam por Ele. O
versículo 24 indica claramente que nem todos os sinais milagrosos são de Deus.
Existem dois tipos – o divino e o diabólico. No tipo divino, há uma
manifestação do caráter divino em graça e poder; o tipo diabólico pode muitas
vezes ser mais chamativo, surpreendente e atraente para os homens não
convertidos. As pessoas de hoje, que têm um desejo ardente pelo milagre, devem
ter grande cuidado para não serem enganadas.
A vinda do
verdadeiro Cristo de Deus será marcada pela maior publicidade possível, como o
raio. Ninguém precisará penetrar em um deserto remoto ou em uma câmara secreta
para vê-Lo. Assim como os abutres são encontrados onde quer que estejam as
carcaças, Ele também cairá em julgamento onde quer que os homens sejam
encontrados se deteriorando na podridão e na epidemia do pecado.
A tribulação
será seguida pela ruptura e derrota dos poderes existentes tanto no céu como na
Terra, e então o Filho do Homem será manifestado em Sua glória. Duas vezes
anteriormente, o Senhor havia falado do “sinal
do profeta Jonas” (Mt 12:39-40, 16:4), que era o Filho do Homem três dias
no túmulo. Aqui, temos o sinal do Filho do Homem no céu – O sinal de que
finalmente Deus está prestes a estabelecer Seus direitos nesta Terra rebelde, e
os impõe pelo Homem de Seu propósito e escolha. Que dois grandes sinais são
estes! Quem dirá qual deles é maior? Ambos são igualmente grandes em sua época
e comandam nossa venerada adoração.
Tendo aparecido
em Sua glória, Ele reunirá Seus eleitos, aqueles por quem os dias da tribulação
foram abreviados. Esta reunião será realizada por ministração dos anjos e
sinalizada pelo grande som de uma trombeta; será o cumprimento da festa das
trombetas (Lv 23:24-25), assim como a Páscoa foi cumprida na morte de Cristo, e
Pentecostes no dom do Espírito e formação da Igreja. Essa reunião dos eleitos é
em vista da bem-aventurança milenar; não há menção de qualquer arrebatamento
para o céu, ou mesmo de ressurreição, pois é a reunião de pessoas vivas na Terra.
No capítulo 16, o Senhor revelou que Ele iria edificar Sua igreja, mas seu
chamado e destino celestiais não haviam sido revelados, portanto o versículo 31
não se refere à Igreja.
Com o versículo
32 começamos uma série de parábolas e declarações. A figueira é uma parábola do
judeu; e quando vemos um reavivamento da vida nacional com essas pessoas,
devemos saber que o tempo do verão está próximo, mas até que todas as coisas
sejam cumpridas e esse momento chegue “esta
geração” não passará. O Senhor falou várias vezes desta geração – veja Mateus
11:16, 12:39, 45, 16:4. É uma geração muito antiga e persistente, pois Moisés a
denunciou em Deuteronômio 32:5 e 20 – “filhos
em quem não há fidelidade”. A geração incrédula enfrentará seu destino
quando Jesus vier, mas não antes. Eles avançarão, e as palavras de Cristo
permanecerão.
O tempo exato de
Seu advento é um segredo conhecido apenas pelo Pai, que reservou todos os
tempos e épocas sob Sua própria autoridade (veja Atos 1:7); e porque isto é
assim virá como uma surpresa completa ao mundo negligente. Será como nos dias
de Noé; homens absortos em seus prazeres até que o julgamento cai sobre eles.
Então, uma separação eterna para homens e mulheres ocorrerá. Sofonias 3:11-13
será cumprido; os transgressores serão levados em juízo; as pessoas humildes e
pobres que confiam no nome do Senhor serão deixadas para as bênçãos do milênio,
e estas são “o remanescente de Israel”.
No versículo 42,
vemos novamente como o Senhor trouxe essas realidades proféticas para
influenciar a conduta de Seus discípulos. Como não sabiam a hora, deviam ser
marcados por vigilância e serviço fiel. O servo a quem governo é confiado deve
cumprir sua responsabilidade. Fazendo isso, ele será abençoado e recompensado.
Por outro lado, é possível que homens tomem o lugar de servos e, ainda assim,
sejam maus. Tais irão ignorar suas responsabilidades e maltratar seus conservos,
dizendo em seus corações: “meu Senhor
tarde virá”. Esse é sempre o pensamento do mundo. Eles ouvem a profecia e
dizem: “visão que este vê é para muitos
dias, e ele profetiza de tempos que estão longe” (Ez 12:27). O verdadeiro
servo mantém-se em prontidão para a vinda de seu Senhor e cuida diligentemente
de Seus interesses enquanto espera.
Os versículos
50-51 mostram que contemplado o “mau servo”
percebemos que não é um homem que falhe gravemente porém ainda seja verdadeiro
no seu interior, mas um homem que é inteiramente falso. Seu Senhor irá julgá-lo
e destinará a sua parte com os hipócritas, porque ele é um hipócrita. Ele será
banido sob o julgamento para junto de seus semelhantes. Quando o hipócrita é
desmascarado e julgado, há choro e ranger de dentes verdadeiramente.
[1]
N. do T.: Frank Binford Hole viveu neste mundo de 1874 a 1964
sábado, 30 de março de 2019
MATEUS 23
MATEUS 23
Este capítulo
registra Suas palavras de furor. Em poucos dias a multidão, influenciada por
esses homens, estaria bradando por Sua morte. Sua responsabilidade e culpa
foram grandemente aumentadas por esse aviso que o Senhor lhes deu quanto ao
verdadeiro caráter de seus líderes.
Ele começou por concedendo
a eles o lugar que eles reivindicaram como os expoentes da lei de Moisés.
Portanto, o povo devia observar e guardar a lei como eles ouviram de seus
lábios. No entanto, eles deveriam evitar cuidadosamente tomá-los como exemplos.
Suas vidas contradiziam a lei que eles proclamavam. Eles legislaram para os
outros sem a menor consciência quanto à sua própria obediência. Isto o Senhor
declarou no versículo 4, e é uma ofensa muito comum entre os religiosos professos,
que amam dirigir outras pessoas enquanto são permissivos consigo mesmos.
Então, nos
versículos 5-12, Ele expôs seu amor de serem vistos e terem preeminência. Tudo era
para o olho dos homens. Nas festas – o círculo social, nas sinagogas – o círculo
religioso, nos mercados – o círculo de negócios, eles queriam o lugar principal
como rabinos e mestres. O discípulo de Cristo deve ser o exato oposto de tudo
isso, então vamos trazer isso profundamente ao coração. A derrubada de tais
homens é apenas uma questão de tempo. Eles deveriam ser sinalizadores para o
reino, mas na verdade eram obstáculos. Eles não entraram e impediram os outros
de entrar.
Além disso,
usaram sua posição para roubar a pobre e viúva indefesa, encobrindo essa maldade
com a ostentação de longas orações; consequentemente eles deveriam receber um
julgamento mais severo. Longas orações podem impressionar a multidão, mas não
impressionavam o Senhor! Vamos nos lembrar disso e evitá-las nós mesmos.
Atrevemo-nos a afirmar que ninguém marcado pelo desejo profundo e realmente
consciente da presença de Deus, pode vagar em um labirinto de palavras. Como
Eclesiastes 5:2 indica, suas palavras devem ser poucas.
Grande zelo para
fazer prosélitos[1] é característico
da mente farisaica, e as palavras do Senhor no versículo 15 expõem uma
característica notável do mero proselitismo. A reprodução com maior ênfase do
caráter dos proselitistas naqueles que são proselitizados. Os fariseus eram
filhos do inferno, e seus convertidos eram duas vezes mais filhos do inferno. É
por isso que há sempre uma tendência para homens sedutores e malignos piorarem
cada vez mais, até que tudo esteja pronto para o julgamento.
Nos versículos
16-22, o Senhor condena seus fantasiosos ensinamentos. As distinções que eles
traçam entre o templo e o ouro do templo, entre o altar e a oferta sobre ele,
podem fazer com que os distraídos os considerem com admiração, como possuindo
mentes muito superiores; na realidade, suas distinções eram puramente
imaginárias e apenas uma prova de sua própria cegueira e insensatez. Assim, com
outros assuntos; muita meticulosidade sobre pequenas coisas; muita negligência
quanto a grandes coisas – seja positivamente, quanto ao que eles observavam,
como no verso 23, ou negativamente, quanto ao que eles recusavam, como no
versículo 24. De fatos eles eram cegos, e esse tipo de cegueira é muito comum
hoje em dia .
Os versículos
25-28 expõem outra característica perniciosa; eles só se preocupavam com a
limpeza externa, de modo a parecer bem aos olhos dos homens. Eles não se
preocuparam com o interior que era visível aos olhos de Deus. Eles foram os
mais cuidadosos quanto à possível contaminação adquirida pelo contato externo; porém
os mais descuidados quanto à contaminação que eles mesmos geraram internamente.
Como resultado, tornaram-se centros de contaminação e, ao invés de serem
contaminados por outros, eles mesmo difundiam a contaminação a outros. Acima de
qualquer suspeita, este é o mal mais sutil, do qual bem devemos orar para que
possamos ser preservados.
Por último, nos versículos
29-33, o Senhor os acusou de serem os que mataram os profetas de Deus. Eles edificaram
os sepulcros para os profetas anteriores, uma vez que a ferroada de suas
palavras não era mais sentida, mas eles eram verdadeiramente filhos daqueles
que os haviam matado; e, fiel ao princípio do versículo 15, eles se mostrariam duas
vezes mais filhos dos matadores; enchendo a medida de pecados de seus pais e
terminando sem dúvida na condenação do inferno.
Esta passagem
nos fornece a mais terrível denúncia dos lábios de Jesus, da qual temos
registro. Ele nunca disse essas coisas a qualquer publicano ou pobre pecador.
Essas palavras de furor eram reservadas para os religiosos hipócritas. Ele era
cheio de graça e verdade. Graça com verdade Ele estendeu aos pecadores confessos.
O holofote da verdade, sem menção da graça, estava reservado para os
hipócritas.
Então aconteceu
que o sangue de uma longa linhagem de mártires estava à porta daquela geração;
e agora, pela última vez, Jerusalém estava tendo a oportunidade de confiar sob
as asas de Jeová, que estava entre eles na Pessoa de Jesus. Frequentemente, Ele
os teria protegido assim como os Salmos prestam testemunho, e frequentemente
Jesus os teria reunido durante Sua jornada entre eles; mas eles não quiseram.
Consequentemente, a formosa casa em Jerusalém, outrora reconhecida como de
Jeová, foi deserdada. Era apenas a casa deles e estava desolada; e aqu’Ele que a
teria enchido estava saindo deles, para não ser mais visto até que dissessem: “Bendito O que vem em nome do Senhor”.
Eles não dirão isso, como mostra o Salmo 118, até que chegue “o dia que fez o Senhor”, quando “A Pedra que os edificadores rejeitaram
tornou-Se cabeça da esquina”.
[1]
N. do T.: Um prosélito é alguém que saiu de
uma religião pagã e aderiu ao judaísmo.
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