terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

MATEUS 17


MATEUS 17


A transfiguração, com a qual este capítulo se inicia, forneceu uma visão do reino, visto que Jesus mesmo, brilhando como o Sol, era a figura central, e com Ele em condições celestiais estavam Moisés e Elias, enquanto três discípulos em condições terrenas tinham parte nela. A “nuvem luminosa” que os cobria era, evidentemente, o reaparecimento daquilo que outrora habitava o tabernáculo, e dela falou a voz de Deus Pai, declarando Jesus ser o Filho, o amado Objeto e deleite do Seu coração. Pedro estava falando de maneira impetuosa, mostrando que ainda não tinha um senso adequado da exclusiva e suprema glória de seu Mestre. Não Pedro, mas Cristo é aqu’Ele a Quem devemos ouvir. Nossos ouvidos devem estar cheios com Sua voz e nossos olhos com Sua presença, de modo que, como os discípulos quando a visão se desvaneceu, também a ninguém víssemos “senão unicamente a Jesus”.
Embora Pedro, no momento, tivesse apenas um pequeno entendimento do que tudo significava, ele apreendeu mais tarde, quando o Espírito foi dado, como vemos quando nos voltamos para a sua segunda epístola. Ele percebeu então que era a confirmação da palavra profética sobre “a virtude [o poder – TB] e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, pois eles eram “testemunhas oculares da Sua majestade” (2 Pe 1:16-19). O pleno significado da transfiguração não seria entendido até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos e, consequentemente, o Espírito Santo fosse dado. Daí a acusação do Senhor aos três discípulos registrada no versículo 9 do nosso capítulo. A visão, no entanto, despertou dúvidas nas mentes dos discípulos quanto à profecia relativa à vinda de Elias; e a resposta do Senhor mostrou que, no que diz respeito à Sua primeira vinda, essa profecia encontrara seu cumprimento em João Batista, que havia sido morto, e Ele aproveitou a oportunidade para predizer novamente Sua própria morte.
No topo da alta montanha, os discípulos tinham estado no lugar de paz e de comunhão celestes; desceram com Jesus ao pé do monte, onde tudo era angústia e fracasso – angústia por parte do menino aflito e de seu pai; fracasso em resolver a situação por parte dos discípulos. O advento de Jesus alterou tudo em um momento, assim como Seu advento em glória restaurará completamente da situação que então existirá, resolvendo não apenas o poder do diabo no mundo, mas também todos os fracassos de Seus santos.
Resolvida a situação, os discípulos pediram ao Senhor para explicar o fracasso deles, e assim eles permaneceram diante de Seu tribunal, como também todos nós permaneceremos no dia de Seu advento. Sua explicação do fracasso deles de um modo geral foi: “Por causa da vossa pouca fé”, mas Ele acrescentou que o demônio envolvido neste caso era de uma “casta” especial que só poderia ser expulsa se houvesse “oração e jejum”. Como tantas vezes acontece com nossos fracassos, a razão não era simples, mas complexa. Três coisas estavam envolvidas. Primeiro, ausência de fé – pouca ou falta de confiança em Deus. Segundo, ausência de oração – dependência de Deus. Terceiro, ausência de jejum – separação para Deus, mesmo das coisas corretas em si mesmas em circunstâncias normais. Com estas palavras, acreditamos que o Senhor expôs as raízes de todos os nossos fracassos na busca de servi-Lo. Somos defeituosos em uma ou outra ou em todas essas três coisas. Vamos investigar, pesquisando nossos corações e vidas, e ver se não é assim.
Pela terceira vez, enquanto esteve na Galileia, Jesus advertiu Seus discípulos quanto à Sua morte, acrescentando o fato de Sua ressurreição. O comentário de Mateus é: “Eles se entristeceram muito”, o que mostra que eles ficaram mais impressionados com a notícia de Sua morte do que com Sua ressurreição. Isso é algo que está fora da experiência natural do homem e eles falharam em apreendê-lo. O incidente que encerra este capítulo mostra que Pedro só pensava em seu Mestre como um bom judeu, que cumpria todas as Suas responsabilidades, e estava ansioso para que todos os outros O vissem sob essa luz. Quando ele iria falar sobre isso, Jesus antecipou-o com uma pergunta que mostrava que, tais como Pedro, eram filhos do reino e, portanto, no devido tempo, estariam livres deste tributo para o serviço do templo. Porém, o momento ainda não chegara a esse ponto, e nenhuma ocasião de tropeço era para ser dada; assim, por um notável milagre, o Senhor providenciou a soma exata necessária para dois pagamentos e, em maravilhosa graça, associou Pedro a Si mesmo. A moeda deveria ser entregue “por Mim e por ti”. Este foi certamente um sinal do modo pelo qual os santos como filhos do reino estavam presentemente associados a Si mesmo.

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