MATEUS 28


MATEUS 28 


O versículo 1 deste capítulo nos diz que as duas Marias que haviam assistido ao seu sepultamento estavam de volta ao sepulcro imediatamente no dia de Sábado. Elas vieram “quando já despontava o [no crepúsculo do – JND] primeiro dia da semana”. O dia de acordo com a contagem judaica terminava ao pôr do Sol, e devoção delas era tal que assim que o sábado acabou elas estavam em movimento e visitaram a sepultura. Não é fácil juntar os detalhes que os quatro evangelistas nos deram para formar uma narrativa conectada, mas parece que as duas Marias fizeram essa visita especial e depois voltaram ao amanhecer com Salomé e possivelmente outras, levando especiarias para embalsamar. Marcos e Lucas nos falam sobre isso, e devemos julgar que o versículo 5 do nosso capítulo se refere a esta segunda ocasião, de modo que o que está registrado nos versículos 2-4 ocorreu entre as duas visitas. Seja como for, é claro que ao nascer do Sol, no primeiro dia da semana, Cristo estava ressuscitado.
Um terremoto sinalizou Sua morte e um grande terremoto anunciava Sua ressurreição, embora aparentemente localizado, pois estava ligado à descida do anjo do Senhor. As autoridades da Terra selaram o sepulcro, mas uma autoridade imensamente superior quebrou o selo e arremessou a porta de pedra para trás. Na sua presença, os guardas tremeram e foram atingidos pela inconsciência da morte. O sepulcro selado era o desafio de homens audaciosos. Deus aceitou seu desafio, quebrou seu poder e reduziu seus representantes ao nada. O Senhor Jesus havia sido ressuscitado pelo poder de Deus e o sepulcro foi aberto para que os homens pudessem ver que, sem dúvida, Ele não estava lá. O anjo não apenas removeu a pedra, mas sentou-se sobre ela, colocando-se como um selo sobre ela em sua nova posição, para que ninguém a rolasse de volta até que um grande número de testemunhas tivesse visto o túmulo vazio.
Mateus nos fala de um anjo sentado na pedra. Marcos nos fala de um sentado do lado direito, mas dentro do túmulo. Lucas e João falam de dois anjos. No entanto, todos eles nos mostram que, embora as mulheres temessem na presença dos anjos, não eram feridas como os soldados. Elas estavam buscando o Jesus crucificado, então “não temais”, era a palavra para elas. Sua ressurreição foi anunciada e elas foram convidadas a ver o local onde Seu corpo havia jazido, e onde, conforme aprendemos no relato de João, os lençóis de linho estavam todos em seu lugar e intocados, mas dos quais o corpo sagrado havia desaparecido. Era preciso apenas ver o lugar onde Ele estava para se convencer de que o corpo não havia sido levado ou roubado. Um ato sobrenatural havia ocorrido; e elas deviam ir como mensageiras aos discípulos, dizendo-lhes que O encontrassem na Galileia.
Embora cheias de conflitantes emoções de medo e gozo, as mulheres receberam a palavra do anjo com fé e consequentemente partiram em obediência. A obediência de fé foi rapidamente recompensada por uma aparição do próprio Senhor ressuscitado, e isto as trouxe a Seus pés como adoradoras, e as enviou em seu caminho como mensageiras do Senhor e não meramente do anjo. Na ocasião da última ceia, o Senhor designou a Galileia como o ponto de encontro e confirmou-o a elas.
O parágrafo entre parênteses, versículos 11-15, nos fornece um contraste impressionante. Passamos da brilhante cena da ressurreição com gozo, fé, adoração e testemunho, para as densas trevas da descrença com ódio, conspiração, suborno e corrupção, resultando em uma mentira de um tipo tão flagrante que sua falsidade foi completamente exposta diante deles. Se eles estivessem dormindo, como poderiam saber o que havia acontecido? O dinheiro e o amor a ele estão na raiz desse mal específico. Os soldados foram subornados e devemos supor que a persuasão do governador seria alcançada da mesma maneira. Qualquer coisa para impedir que a verdade quanto à ressurreição se espalhasse! Eles perceberam como isso destruiria a causa deles enquanto estabeleceria a Sua, e o diabo, que os movia, percebeu isso muito mais intensamente do que eles. Eles deram apenas trinta moedas de prata a Judas para cercar Sua morte, mas deram muito dinheiro aos soldados, esforçando-se para abafar o fato de Sua ressurreição.
O evangelho termina com os discípulos encontrando o seu Senhor ressuscitado na Galileia e com a comissão que Ele lhes deu ali. Nenhuma menção é feita das várias aparições em Jerusalém ou da ascensão de Betânia. Enquanto este evangelho indica o estabelecimento da Igreja, ele traçou para nós principalmente a transição da apresentação do reino como conectada com o Messias sobre a Terra, como predito pelos profetas, para o reino dos céus em sua forma atual: isto é, de uma forma em mistério enquanto o Rei está oculto nos céus. Jerusalém era o lugar onde eles deveriam receber o Espírito e ser batizados em o corpo, a Igreja, “não muito depois destes dias” (At 1:5); a Galileia era o distrito onde foi encontrada a grande maioria do remanescente piedoso de Israel que, recebendo-O, entrou no reino enquanto a massa do povo o deixou escapar.
Então o Senhor retomou os elos com aquele remanescente em ressurreição, os onze discípulos sendo os membros mais proeminentes dele; e, embora não ouvimos que Ele foi elevado para o céu, mesmo assim Ele os comissionou como se estivesse falando do céu, pois todo poder era Seu, tanto no céu quanto na Terra. Ainda não havia chegado a hora de revelar plenamente a tarefa Cristã de reunir de entre as nações um povo para o Seu nome: os termos aqui são mais gerais. Eles deveriam ir e fazer discípulos e batizá-los, e esta é uma comissão que pode ser assumida pelo remanescente crente de Israel depois que a Igreja se for. Como Israel foi batizado a Moisés, seu líder, assim o discípulo deve ser batizado para o Cristo ressuscitado como estando sob Sua autoridade, e o batismo deve ser em nome de Deus como Ele foi completamente revelado. Não é plural, mas singular – não “em nomes”, mas “em nome” – pois, embora revelada em três Pessoas, a Divindade é uma só.
A palavra final é: “eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”, de modo que, nesta palavra final temos “todo”, não menos do que quatro vezes. Nosso exaltado Senhor exerce todo o poder em ambas as esferas, de modo que nada está além de Seu alcance. Se algo adverso acontecer aos Seus servos, será sob Sua permissão. Todas as nações é a esfera do serviço deles, e não no meio de Israel apenas como antes. Os batizados das nações devem ser ensinados a observar todos os mandamentos e instruções do Senhor, pois os servos devem ser caracterizados pela obediência e também trazer à obediência aqueles que eles alcançarem. Então, todos os dias até o fim, eles podem contar com o apoio e a presença espiritual de seu Mestre.
Tal é a comissão com a qual o evangelho termina. Enquanto nos movemos em direção aos Atos e passamos pelas Epístolas, descobrimos que vêm à luz desdobramentos que nos fornecem a comissão evangélica completa de hoje, mas não perdemos a luz e o benefício do que o Senhor diz aqui. Ainda vamos a todas as nações, batizando no Nome. Ainda temos que ensinar toda a Palavra do Senhor. Todo poder ainda é d’Ele. Sua presença estará conosco todos os dias até o fim dos tempos, não importa o que possa acontecer.