quarta-feira, 28 de novembro de 2018

MATEUS 8


MATEUS 8


Após esses três capítulos cheios de Seus ensinamentos, Mateus nos dá dois capítulos ocupados com Suas obras de poder. Não foi suficiente para Ele enunciar os princípios do reino, Ele manifestou o poder do reino em uma variedade de marcantes formas. Existem cinco ilustrações principais desse poder em Mateus 8 e novamente em Mateus 9. Em cada caso podemos dizer que o milagre que o Senhor realizou em conexão com os corpos humanos, ou com coisas visíveis e tangíveis, foi uma prova de como Ele poderia lidar com as coisas mais profundas da alma.
O primeiro caso é o do leproso; uma figura do pecado em seu poder profanador e corruptor. O pobre homem estava convencido do poder de Jesus, mas não totalmente persuadido de Sua graça. No entanto, o Senhor instantaneamente o libertou pelo Seu toque e Sua palavra de poder. Apenas três palavras: “Quero, sê limpo”, e aquilo aconteceu; um testemunho aos sacerdotes – se o homem fez como lhe fora dito – que o poder de Deus estava presente entre eles.
O segundo caso foi o do centurião gentio e seu criado; um caso ilustrando a impotência introduzida pelo pecado. Aqui novamente é enfatizado o poder da Sua palavra. O próprio centurião enfatizou isso, pois ele conhecia o poder de uma palavra autoritária como exemplificado no sistema militar romano. A patente de centurião não era alta, mas os que estavam sob ele obedeciam imediatamente a suas instruções, e sua fé descobriu em Jesus aqu’Ele cuja palavra poderia realizar o milagre. O Senhor reconheceu sua fé como sendo grande e além de tudo o que havia encontrado em Israel; Ele falou a palavra necessária e o servo foi curado. Ele também profetizou que muitos gentios de longe entrariam no reino com os patriarcas de Israel, enquanto aqueles que consideravam o reino como seus por direito prescrito seriam lançados nas trevas exteriores.
O terceiro caso é o da sogra de Pedro. Aqui seu toque imediatamente a curou; não há registro de que Ele tenha falado uma palavra sequer. Pode ser o Seu toque e a Sua palavra, como com o leproso; ou apenas a Sua palavra, como com o servo do centurião; ou apenas Seu toque: o resultado em cada caso foi o mesmo – livramento instantâneo. Não houve um período de recuperação dos resultados da febre; Ela imediatamente se levantou e serviu os outros. O pecado produz um estado febril de espírito e alma, mas o Seu toque dissipa-o.
Nos versículos 16 e 17, temos primeiro um resumo de Suas muitas obras de poder e misericórdia ao entardecer; e segundo, a citação de Isaías 53, que nos revela a maneira e o espírito em que Ele fez essas coisas. As palavras citadas têm sido usadas erroneamente por alguns como se quisessem dizer que na cruz Ele levou nossas doenças, e assim o crente nunca deveria estar doente. A correta aplicação é encontrada aqui. Ele não aliviou os homens sem antes sentir suas tristezas e doenças. Ele provou em Seu espírito o peso dos próprios males que Ele curou por Seu poder.
Os incidentes registrados nos versículos 18-22 nos mostram que não apenas nossa libertação, mas nosso discipulado também deve ser ao chamado da Sua palavra mandatória. Certo escriba voluntariou-se para O seguir sem ter recebido Seu chamado. O Senhor imediatamente mostrou-lhe o que estaria envolvido em seguir Alguém tal como Ele mesmo, pois Ele era o Filho do Homem sem lar. Mas, de outro modo, Seu chamado é suficiente. Alguém que já era um discípulo queria colocar um dever terrestre em primeiro lugar. O chamado e a reivindicação do Mestre devem ser absolutamente supremos. Ele tinha discípulos que reconheceram Sua reivindicação e O seguiram, como mostra o versículo 23, e deram a Ele um lugar para recostar Sua cabeça no barco deles. No entanto, mesmo assim, segui-LO, levou-os a problemas.
Isso nos leva ao quarto desses casos impressionantes – a tempestade no lago; típico de como o poder do diabo chicoteia com fúria o inquieto mar da humanidade. Tudo aquilo nada era para Ele e assim dormia pacificamente. Mas, ao clamor dos discípulos, Ele Se levantou e desferiu Seu comando sobre essas poderosas forças da natureza. Como um homem comanda seu cão de caça, e este, obediente, se submete junto a seus pés, assim também o vento e o mar se submetem à palavra de seu Criador.
Chegando ao outro lado Ele foi confrontado por dois homens que eram dominados por servos demoníacos do diabo. Um deles era uma fortaleza especial, mantida por toda uma legião de demônios, como Marcos e Lucas nos mostram; embora evidentemente houvesse dois, e assim um testemunho suficiente foi rendido ao Seu poder sobre o inimigo. Os demônios O conheciam e também sabiam que não tinham poder para resistir à Sua palavra: por isso pediram permissão para entrar na manada de imundos porcos, que nunca deveria ter estado lá se Israel andasse segundo a lei. Até onde a narração registra, Jesus falou apenas uma palavra – “Ide”! Como resultado, os homens foram libertos e os porcos destruídos.
Até aqui consideramos o poder do Senhor. Antes de deixar o capítulo, notemos a reação do lado dos homens. Há um contraste marcante entre a “tanta fé” do centurião e a “pouca fé” dos discípulos na tempestade. A “tanta fé” foi marcada por duas coisas vistas no versículo 8. Ele disse: “não sou digno”, condenando a si mesmo e, assim, excluindo-se da questão. Ele também disse: “dize somente uma palavra” ao dirigir-se ao Senhor. Ele não tinha opinião de si mesmo, mas ele tinha uma grande opinião sobre Ele – tão grande que ele estava preparado para acreditar em Sua palavra sem qualquer apoio externo. Algumas pessoas querem ter a palavra do Senhor apoiada por sentimentos, ou pela razão, ou pela experiência, mas a grande fé é produzida pela descoberta em Jesus de uma Pessoa tão grande que a Sua palavra pura é suficiente.
Com os discípulos, foi exatamente o oposto. Eles estavam pensando completamente a si mesmos. Disseram: “Salva-nos que (nós) perecemos” Quando Jesus acalmou a tempestade eles ficaram espantados, dizendo: “Que homem é Esse?” Sim, Quem era Esse, de fato? Se eles realmente O conhecessem, ficariam surpresos se Ele não tivesse afirmado Seu poder. O fato era que eles tinham grandes pensamentos sobre si mesmos e apenas pequenos pensamentos sobre Ele; e isso é pouca fé. Então eles se maravilharam enquanto Ele agia; enquanto que no caso do centurião Jesus Se maravilhou com a fé dele. Apesar da pouca fé deles, no entanto, eles O amavam e O seguiam.
No início do capítulo, vemos a fé deficiente da parte do leproso. Ele viu claramente o poder de Jesus, mas pouco percebeu da Sua disposição. No final do capítulo, vemos homens sem fé alguma.
Eles não ponderavam o fato de que os demônios haviam sido desalojados, pois um livramento espiritual significava pouco para eles. O que importava para eles era a perda de seus porcos. Eles não apreciavam Jesus, mas apreciavam os porcos! Uma adequada figura dos homens do mundo que têm olhos para qualquer ganho material, mas nenhum coração para Cristo. Eles evidentemente não conseguiram nada, mas todos os outros conseguiram. Não deixe escapar o prazeroso fato de que a fé deficiente e a pouca fé receberam a bênção tão real e plenamente quanto a grande fé. A bênção não está de acordo com a qualidade ou quantidade de fé, mas de acordo com Seu coração de graça.

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