domingo, 2 de dezembro de 2018

MATEUS 12


MATEUS 12


Das alturas alcançadas no último capítulo, descemos às profundezas da loucura e da cegueira humanas, como demonstradas pelos fariseus. Neste capítulo, O vemos definitivamente rejeitado pelos líderes dos judeus, e não apenas pelas cidades da Galileia. Nos dois primeiros casos, a disputa foi em torno do sábado. O Senhor defendeu a ação de Seus discípulos em pelo menos quatro fundamentos (vs. 3-8).
Em primeiro lugar, quando Davi, o rei ungido de Deus estava sendo rejeitado, suas necessidades tiveram prioridade sobre uma questão de ordem do tabernáculo, e seus seguidores estavam associados a ele nisso. O maior Filho de Davi estava agora rejeitado, então as necessidades de Seus discípulos não deveriam ser satisfeitas, mesmo que isso violasse suas regulamentações do sábado? Em segundo, o templo tinha prioridade sobre o sábado, pois os sacerdotes sempre trabalhavam nos sábados; e Jesus afirmou ser maior que o templo. Deus estava verdadeiramente em Cristo em medida infinitamente mais completa do que jamais esteve no templo. Terceiro, havia uma palavra sobre misericórdia em Oséias 6, à qual anteriormente Ele havia Se referido; que é aplicada neste caso. E, quarto, Jesus afirmou que, como Filho do Homem, Ele era o Senhor do sábado: em outras palavras, o sábado não tinha poder sobre Ele. Ele era o seu Senhor, e Ele poderia Se dispor dele como bem entendesse.
No segundo caso, o Senhor respondeu ao jogo de palavras deles por um apelo ao que eles próprios praticavam. Eles não tinham remorso em se preparar para trabalhar no sábado a fim de mostrar misericórdia a uma ovelha. Quem eram eles então para contestar a Sua misericórdia para com um homem no sábado? O Senhor prontamente mostrou essa misericórdia; contudo, tal era a obstinada dureza de seus corações, que Sua misericórdia apenas despertava neles pensamentos de homicídio. Eles decidiram, a partir desse momento, sobre Sua morte.
Diante disso, Jesus começou a deixar de dar testemunho Seu a eles pois estavam preparando para colocá-Lo na morte; advertindo aqueles a quem Ele ainda estendia misericórdia de que eles não deveriam torná-Lo conhecido. Mateus cita a linda profecia de Isaías 42, mostrando como ela foi cumprida n’Ele. Algumas delas ainda precisam ser cumpridas em Sua segunda vinda, pois Ele ainda não fez triunfar o juízo. Mas Ele enfrentou o amargo ódio e rejeição em Sua primeira vinda sem contenda ou clamor ou esmagando Seus inimigos. Nada é mais inútil do que uma cana quebrada, e nada mais repulsivo às narinas do que um morrão que fumega. Os fariseus eram como estes dois, mas Ele não os quebrará e os apagará até que chegue a hora do julgamento. Enquanto isso, em Seu Nome, os gentios estão aprendendo a confiar.
Em Isaías 32, as vindas não são distinguidas, como é frequentemente o caso nas escrituras do Velho Testamento, mas agora podemos ver claramente como ambas estão envolvidas. Neste momento, Jesus veio como o vaso de misericórdia e não para exercer julgamento. Rejeitado pelos líderes de Seu povo, Ele Se voltaria para os gentios e deixaria a misericórdia fluir para eles. Isto é claramente anunciado aqui.
Não é isto de imenso interesse para nós, vendo que estamos entre os gentios que confiaram em Seu Nome?
Por parte dos fariseus, temos visto o ódio se elevar a ponto do homicídio; e vimos, da parte de Jesus, tal mansidão e humildade de coração que O levaram a suspender toda a ação em julgamento e a aceitar o mal deles sem contendas ou protestos. Mateus agora registra o caso de um homem que se tornou cego e mudo por um demônio. Jesus deu-lhe visão e fala, expulsando o demônio, e a multidão, grandemente admirada, começou a pensar n’Ele como o verdadeiro Filho de Davi. Vendo isto, os fariseus se levantaram com medidas desesperadas, e repetiram ainda mais ousadamente a afirmação blasfema de que o poder que Ele exercia era de Satanás. Sua blasfêmia anterior (veja Mt 9:34), passou sem resposta, mas desta vez o Senhor julgou a ousadia.
Em primeiro lugar, Ele Se opôs a eles no terreno da razão. A acusação deles envolvia um absurdo, pois se Satanás expulsasse Satanás, estaria destruindo seu próprio reino. Também envolvia uma calúnia contra seus próprios filhos, que professavam expulsar demônios. Em segundo lugar, Ele lhes deu a verdadeira explicação: Ele estava aqui em Humanidade, agindo pelo Espírito de Deus, e assim amarrara Satanás, o homem forte, e agora estava tirando de sob o seu poder aqueles que tinham sido apenas seus “bens”. Esta foi outra prova clara de que o reino estava no meio deles.
Também trouxe coisas para uma visão muito clara, que não estar definitivamente com Cristo e não ajuntar com Ele, era estar contra Ele e espalhar. Isso levou o Senhor a desmascarar a verdadeira natureza do pecado deles, que estava além da fronteira do perdão, apesar do fato de que todo tipo de pecado poder ser perdoado. Deus lhes foi apresentado objetivamente no Filho do Homem: eles poderiam falar contra Ele, e ainda assim ser trazidos pela obra do Espírito ao arrependimento, e assim serem perdoados. Mas blasfemar contra o Espírito Santo, por Quem o arrependimento e a fé são produzidos na alma, é colocar-se em uma posição sem esperança. É alguém deixar de lado tanto o arrependimento como a fé, e assim trancar e barrar a única porta que leva à salvação.
O triste fato era que esses fariseus eram árvores totalmente corruptas, uma geração de víboras e suas más palavras haviam sido apenas a expressão do mal de seus corações. Nos versículos 33-37, o Senhor desmascarou seus corações dessa maneira e declarou que seriam julgados por suas palavras. Se os homens terão que prestar contas de cada palavra vã no dia do julgamento, o que palavras más como essas merecerão? Naquele dia, por suas palavras, eles seriam totalmente condenados.
Pelo pedido deles, registrado no versículo 38, os fariseus revelaram que eram moralmente cegos e insensíveis, bem como corruptos e maus. Ignorando, de forma inconsciente ou voluntariamente, todos os sinais que haviam sido dados, pediram um sinal. Podemos notar cinco sinais no capítulo 8 e cinco no capítulo 9, além dos registrados em nosso capítulo. Sendo maus e adúlteros eles não podiam perceber o sinal mais óbvio, então nenhum sinal deveria ser dado, senão o maior de todos – Sua própria morte e ressurreição, que havia sido tipificada na notável história de Jonas. A geração que estava rejeitando o Senhor estava na presença de sinais, mais do que todos os outros que foram antes deles. Jonas e sua pregação havia sido um sinal para os ninivitas, e em uma data anterior Salomão e sua sabedoria havia sido um sinal para a rainha do sul, e resultados impressionantes haviam sido alcançados. No entanto, Jesus foi rejeitado.
E ainda assim, Jesus permanece infinitamente acima de todos eles. Em nosso capítulo, Ele fala de Si mesmo como “maior do que o templo”, “maior do que Jonas”, “maior do que Salomão”. Além disso, deve ser observado que Ele indicou como Jonas e Salomão haviam sido sinais para os gentios. Embora servos de Deus em Israel, sua fama foi para o norte – para Nínive e para o sul – para Sabá, respectivamente. Esses gentios tinham ouvidos para ouvir e corações para apreciar, mas os judeus farisaicos que cercavam o nosso Senhor eram cegos e amargamente opostos, a ponto de cometerem esse pecado imperdoável.
Qual seria o fim dessa geração incrédula? O Senhor nos diz nos versículos 43-45. O espírito maligno da idolatria, que os influenciara em sua história anterior, de fato se afastou deles. Cristo, o Revelador do verdadeiro Deus, deveria ter ocupado a casa; mas eles estavam rejeitando-O. O resultado disto seria o retorno daquele espírito maligno com sete outros piores que ele. Essa palavra de nosso Senhor será cumprida nos últimos dias por meio do anticristo. A raça descrente dos judeus adorará a imagem da besta e será escravizada por poderes satânicos de terrível potência. Quando o julgamento cair, os judeus apóstatas, sobre os quais ele cairá, serão piores do que todos os que os precederam. Acreditamos que a mesma coisa será verdade para as raças gentias também.
O capítulo termina com o incidente significativo relativo à mãe e irmãos de Jesus. Na verdade, eles vieram com um espírito errado, como é visto consultando Marcos 3:21 e 31. Isso, no entanto, não é o ponto aqui. O Senhor usou a ocasião da intervenção deles para rejeitar um relacionamento meramente natural e mostrar que o que contaria a partir de então seria um relacionamento de natureza espiritual. Dessa forma figurativa, Ele colocou de lado naquele momento o antigo elo formado por Sua vinda como o Filho de Abraão, o Filho de Davi, e mostrou que o elo a ser reconhecido agora era aquele formado pela obediência à vontade de Deus. Os judeus como povo, tinham rejeitado a Ele e agora Ele os rejeita. Ele reconhece Seus discípulos como estando em verdadeira relação com Ele, pois, embora fracos, eles começaram a fazer a vontade de Seu Pai no céu.

sábado, 1 de dezembro de 2018

MATEUS 11


MATEUS 11


O envio dos doze não significava que o Senhor suspendeu Seus labores pessoais, como mostra o primeiro verso; e toda essa atividade agitou João em sua prisão. Podemos bem imaginar que ele esperava que o grande Personagem, que ele havia anunciado, fizesse algo em sua causa; mas aqui estava Ele, libertando todos os tipos de pessoas indignas de suas doenças e problemas, e aparentemente negligenciando Seu precursor. Testado assim, a fé de João vacilou um pouco. A resposta do Senhor a João assumiu a forma um testemunho mais abrangente de Suas próprias atividades em graça, mostrando que Ele estava de fato cumprindo a profecia de Isaías 61:1; e bem-aventurado foi aquele que não tropeçou por Sua humilhação e pela ausência da glória exterior que caracterizará Sua segunda vinda.
Então Jesus deu testemunho de João. Ele não era nenhuma cana oscilante nem homem de luxo; mas era mais do que um profeta, o próprio mensageiro predito por Malaquias, que devia preparar o caminho do Senhor. Além disso, João foi o “Elias” do primeiro advento e ele marcou o fim de uma época. A dispensação da lei e dos profetas correu até ele, e desde o seu dia em diante o reino dos céus estava aberto inaugurado, e deveria haver “violência” ou o vigor da fé para se obter uma entrada. Quando o reino chegar visivelmente, não haverá a mesma necessidade de tal vigor de fé. Tudo isso mostrou quão grande o homem João era, no entanto, o menor dentro do reino teria uma posição maior do que esse grande homem, que preparou o caminho, mas ele mesmo não viveu para entrar no reino. A grandeza moral de João era insuperável, embora muitos de menor peso moral seriam maiores quanto à posição exterior.
Ao falar de João, sua grandeza e a posição que lhe foram dadas em relação ao seu ministério, o Senhor passou a tratar com a indiferença do povo. Eles ouviram a forte pregação de João e agora ouviram o Senhor e viram Suas obras de poder; no entanto, nem um nem o Outro realmente os afetaram.
Eles eram como crianças irreverentes que não seriam persuadidas a participar da peça. Houve uma nota de severidade no ministério de João Batista, mas eles não mostraram nenhum sinal de lamento em arrependimento: Jesus veio cheio de graça e do gozo da libertação, ainda assim eles não manifestaram verdadeiros sinais de alegria. Em vez disso, descobriram maneiras de desacreditar a ambos.
A reprovação que eles lançaram contra João era uma mentira descarada, enquanto o seu clamor contra o Senhor tinha algum elemento de verdade, pois Ele era, no sentido mais forte possível, “Amigo de publicanos e pecadores”; Mas eles deram a isso o pior significado possível, pois quando um adversário lança acusações para desacreditar alguém, ele geralmente acha uma meia verdade ser mais eficaz do que uma total mentira. Enquanto andamos em obediência com uma boa consciência, não precisamos temer a lama que os adversários amam atirar. João, o maior entre os profetas e o próprio Filho do Homem tiveram que suportar isso. Aqueles que eram filhos da sabedoria não foram enganados pelos adversários caluniadores. Eles justificaram a sabedoria e condenaram os adversários. O mesmo fato foi dito em outras palavras quando Jesus disse: “vós não credes porque não sois das Minhas ovelhas... As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz” (João 10:26-27).
Nesse ponto, encontramos o Senhor aceitando o fato de que as cidades da Galileia, onde a maioria de Suas poderosas obras havia sido feitas, definitivamente O haviam recusado. Ali lhes fora prestado um testemunho como Tiro e Sidom e a terra de Sodoma, nunca tiveram. Ora, quanto maior o privilégio, maior a responsabilidade e mais severo é o julgamento quando o privilégio é desprezado e a responsabilidade falha. Um triste destino está reservado para Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Seus habitantes naquela época têm que enfrentar o dia do julgamento, e as suas próprias cidades foram de tal forma destruídas que suas localizações são motivo de discussão até hoje. Eles haviam rejeitado “Jesus Cristo, o Filho de Davi, o Filho de Abraão” (Mt 1:1) e, consequentemente, o reino como conferido a Ele.
Mas naquele momento crítico, Jesus repousa sobre o propósito do Pai e sobre a perfeição de Seus caminhos – os meios pelos quais Seu propósito deve ser alcançado. As pessoas cuja indiferença o Senhor havia lamentado eram apenas “os sábios e entendidos” de acordo com os padrões do mundo; mas depois havia os “pequeninos” e, para estes, e não aqueles, o Pai havia revelado as coisas de toda importância naquele momento. Este foi o caminho que Ele teve prazer em aceitar, e Jesus o aceitou com ações de graças. Este sempre tem sido o caminho de Deus, e é o caminho de Deus hoje, como vemos em 1 Coríntios 1:21-31. O propósito de Deus não falhará. O reino como apresentado em Cristo estava prestes a ser rejeitado: Deus estabelecerá o reino de outra maneira completamente diferente, mesmo enquanto aguardamos o estabelecimento do reino com manifestação de poder e glória. Ali serão encontrados aqueles que se colocaram sob o jugo do Filho, e assim gozarão o descanso do reino em suas almas.
O propósito de Deus é que todas as coisas repousem nas mãos do Filho. Para este fim todas as coisas já foram entregues a Ele. No dia vindouro O veremos ordenando todas as coisas em poderoso julgamento discriminador. Hoje Ele está concedendo o conhecimento do Pai. O Filho é tão verdadeiramente Deus, que há n’Ele profundezas insondáveis, conhecidas apenas pelo Pai. O Pai está além de todo conhecimento humano, mas o Filho O conhece e Se manifestou como Seu grande Revelador. É como o Revelador do Pai que Ele diz: “Vinde a Mim ... e Eu vos aliviarei [darei descanso – JND]. Ele descansava no conhecimento do Pai, de Seu amor, Seu propósito, Seus caminhos; e a esse descanso Ele conduz aqueles que vêm a Ele.
Seu convite foi especialmente dirigido a “todos os que estais cansados e oprimidos”, isto é, aqueles que estavam sincera e piamente tentando guardar a lei, que era como Pedro disse, “um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar” (At 15:10). Quanto mais sinceros, tanto mais carregados devem ter sido sob aquele jugo. Então, as palavras do Senhor foram dirigidas aos “filhos da sabedoria”, aos “pequeninos”; em outras palavras, ao remanescente piedoso no meio da massa incrédula do povo. Eles devem agora trocar o fardo pesado da lei pelo jugo leve e suave de Cristo. Eles aprenderiam d’Ele coisas que a lei nunca poderia ensiná-los.
E, além disso, Ele os ensinaria de uma maneira nova. Ele exemplificou as coisas que ensinou. Mansidão e humildade de coração são necessárias se o lugar de sujeição deva ser tomado e mantido; e estas coisas foram perfeitamente vistas n’Ele. Ele era o Filho, e ainda assim “aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” e, tendo essa obediência O levado à morte, Ele “tornou-Se o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (Hb 5:8-9 – ARA). Em nosso evangelho, vemos o Obediente nos chamando para a obediência a Si mesmo, uma obediência que não é pesada e que leva ao descanso. “Descanso para as vossas almas” foi proposto como resultado de uma caminhada fiel nas “veredas antigas” da lei (Jr 6:16), mas esse descanso nunca foi alcançado pelos homens. A única maneira de alcançá-lo foi aquela que se fez conhecida pelo Filho, que veio revelar o Pai. O Pai deveria ser conhecido se o Seu propósito devesse ser alcançado.

MATEUS 10


MATEUS 10


No final do capítulo anterior, o Senhor disse a Seus discípulos que orassem pelo envio de trabalhadores. Este capítulo começa com Seu chamado aos doze e os comissionando a sair. Eles mesmos deveriam ser a resposta para a oração deles! Não é raro que esse seja o caso. Quando oramos para que isto ou aquilo seja feito no serviço do Senhor, muitas vezes Sua resposta para nós seria, com efeito: “Então vocês são os que devem fazê-lo”. Agora, para qualquer comissão ser eficaz, deve haver as pessoas selecionadas, o poder conferido e o procedimento correto indicado.
Este capítulo está ocupado exatamente com estas três coisas. Nos versículos 24, temos os nomes dos doze discípulos escolhidos; e no versículo 1 lemos como Jesus conferiu o poder necessário sobre eles. Este poder era eficaz em duas esferas, a espiritual e a física. Espíritos imundos tinham que obedecê-los, e todos os tipos de males corporais desapareciam diante da palavra deles. Do versículo 5 até o final do capítulo, temos o registro das instruções que Ele deu, a fim de que pudessem prosseguir corretamente em sua missão.
O primeiro item de instrução dizia respeito à esfera de seu serviço – nem gentios nem samaritanos, mas apenas as ovelhas perdidas de Israel. Isto de uma vez por todas revela decisivamente que o evangelho hoje não é pregado sob esta comissão. A serviço de uma teoria falsa, o versículo 6 foi mal interpretado para significar que eles deveriam ir aos israelitas espalhados entre as nações. A palavra “perdidas”, no entanto, significa espiritualmente perdidas. Se Jeremias 50 for consultado, e lidos os versículos 6 e 17, será visto que Israel é tanto “perdida” como “dispersa”. Eles estão perdidos porque foram desviados por seus pastores – espiritualmente perdidos. Eles estão espalhados pela ação dos reis da Assíria e Babilônia – geograficamente dispersos. Essa distinção no uso das duas palavras parece ser observada por toda a Escritura. Os discípulos nunca saíram da terra de Israel enquanto Cristo estava na Terra, mas pregaram aos judeus espiritualmente perdidos que estavam ao redor deles.
No versículo 7 a mensagem deles é resumida em 6 palavras – “É chegado o reino dos céus”. Isto está exatamente de concordo com o que foi pregado por João Batista (Mt 3:2), e pelo próprio Senhor (Mt 4:17), exceto que aqui a palavra “Arrependei-vos” é omitida. Era uma mensagem muito simples, dificilmente permitindo muito acréscimo ou variação. Eles não podiam pregar coisas ainda não realizadas; mas o Rei predito estava presente em Sua própria terra e, portanto, o reino estava próximo deles. Que eles anunciaram foram as boas-novas do reino, e eles deveriam apoiar o que disseram, mostrando o poder do reino em trazer gratuitamente cura e libertação.
Além disso, deveriam descartar toda a provisão normal de um viajante prudente, e assim ser manifestamente dependente de seu Mestre para todas as suas necessidades; e, ao entrar em qualquer lugar, deveriam procurar os “dignos”, isto é, aqueles que temiam o Senhor e que manifestavam sua recepção do Mestre pela recepção de Seus servos. Eles deveriam prestar testemunho contra aqueles que não O recebessem, e que consequentemente recusassem a eles e suas palavras; e a responsabilidade de tais seria muito maior que a de Sodoma e Gomorra.
Em seguida, Ele os advertiu claramente que iriam encontrar oposição, rejeição e perseguição, e eles são instruídos quanto à sua atitude na presença dessas coisas. Isso ocupa os versículos 16-39. Ao sair entre os homens, eles seriam como ovelhas no meio de lobos; isto é, eles seriam como seu Mestre em posição, e deveriam ser como Ele também em caráter – prudente e simples. Quando acusados ​​perante os governadores, eles deveriam descansar em Deus como seu Pai, e não se preocupar em preparar sua defesa, visto que na hora de sua necessidade o Espírito do Pai deles falaria neles e por meio deles. O martírio, em alguns casos, jazeria diante deles e, em todos os casos, eles teriam de enfrentar o ódio de um tipo tal que passaria por cima de toda a afeição natural. Para aqueles que não fossem martirizados, a perseverança até ao fim significaria salvação.
O que “ao fim” significa é mostrado no próximo verso (23) – a vinda do Filho do Homem. Em Mateus 24:3, 6, 13-14, novamente temos o Senhor falando do “fim”, com um significado semelhante, pois aí está “o fim dos tempos”. Esta missão então, que o Senhor estava inaugurando, é para se estender até Sua segunda vinda, e quase que não será completada até então. Como o versículo 6 havia indicado, as cidades de Israel eram o campo a ser coberto enquanto eles fossem perseguidos, e sua perseverança seria coroada pela salvação em Sua vinda. Quando olhamos para trás, parece que houve alguma falha nessas previsões. Como podemos explicar isso?
A explicação evidentemente é que esse testemunho da proximidade do reino foi suspenso e será retomado no tempo do fim. Os discípulos são vistos como homens representativos, e o que é dito se aplica a eles naquele momento e se aplicará a outros que estarão em uma posição similar no final dos tempos. O reino, conforme apresentado naquele momento em Cristo em Pessoa, foi rejeitado e, consequentemente, o testemunho foi retirado, como vemos em Mateus 16:20. Ele será retomado quando o granjeio da Igreja estiver completo; e mal será levado ao seu fim quando o Filho do Homem vier para receber e estabelecer o reino, como havia sido predito em Daniel 7.
Enquanto isso, o discípulo deve esperar ser tratado como seu Mestre, e ainda assim ele não precisa ter medo. Ele será denunciado, difamado e até morto por homens; mas nos versículos 26-33, o Senhor menciona três fontes de encorajamento. Primeiro, a luz resplandecerá sobre tudo, e todas as malignidades dos homens serão dispersas. A responsabilidade do discípulo é deixar a luz brilhar agora em seu testemunho. Em segundo lugar, há o cuidado íntimo de Deus, descendo aos mínimos detalhes. Terceiro, há a recompensa de ser publicamente confessado pelo Senhor diante do Pai nos céus. Nada, a não ser a fé, permitirá a qualquer um de nós apreciar e acolher a luz, confiar no cuidado e valorizar mais o louvor de Deus do que o louvor dos homens.
O versículo 28 é digno de nota especial, pois de forma definitiva ensina que a alma não está sujeita à morte, como está o corpo. Deus pode destruir a alma e o corpo no inferno; mas aqui a palavra “destruir” é diferente da palavra “matar”, e significa causar o perecimento, ou a ruína, mas não tem nenhum pensamento de aniquilação. Não encontramos as palavras “a imortalidade da alma” nas Escrituras, mas aqui estão palavras de nosso Senhor que afirmam esse fato solene. As palavras do versículo 34 podem parecer à primeira vista colidir com declarações como as que temos em Lucas 1:79; Lucas 2:14; ou Atos 10:36. Mas não há discrepância real. Deus Se aproximou dos homens em Cristo com uma mensagem de paz, mas Ele foi rejeitado. Neste ponto do evangelho de Mateus, Sua rejeição está surgindo e, portanto, Ele declara o solene fato de que o efeito imediato de Sua aproximação será luta e guerra. A paz na terra será estabelecida por Ele em Sua segunda vinda, e isso os anjos previram e celebraram quando da Sua primeira vinda. A paz é de fato a coisa final, mas a cruz era a coisa imediata; e se Ele estava prestes a tomar a cruz, então Seus discípulos devem estar preparados para a espada e para a perda de suas vidas por amor a Ele. Essa perda, no entanto, significaria ganho final.
Os versículos finais mostram que a recepção dos impopulares discípulos seria, de fato, a recepção do seu impopular Mestre e até mesmo do próprio Deus. Qualquer serviço assim prestado, mesmo que seja uma coisa pequena como a entrega de um copo de água fria, não perderá sua recompensa no dia que virá.