quarta-feira, 28 de novembro de 2018

MATEUS 9


MATEUS 9


Havendo os gadarenos não desejado Sua presença, Ele novamente cruzou o mar, e foi imediatamente encontrado por outros casos de necessidade humana. Em Mateus 9 nos é mostrado como Ele trouxe libertação para o homem paralítico, a mulher doente, a filha de Jairo, os dois cegos e o homem mudo possuído de um demônio – novamente uma exibição quíntupla do poder do reino que se aproximara pela Sua presença.
No primeiro desses casos, o Senhor afirmou claramente a conexão que existia entre o milagre que Ele realizou para o corpo e a bênção espiritual correspondente; uma facilmente vista, e outra invisível. Em resposta à fé dos homens que levaram o paralítico, o Senhor foi diretamente à raiz do mal e declarou perdão dos pecados. Quando isto foi desafiado, Ele provou o Seu poder para perdoar pelo Seu poder para transformar a condição corporal do homem. Seus críticos não podiam perdoar os pecados nem curar a paralisia. Ele podia fazer as duas coisas. A multidão viu e glorificou a Deus.
Nos versículos 9 a 17, recebemos o incidente referente ao próprio Mateus. A transação registrada no versículo 9 pode quase ser chamada de milagre por qualquer um que esteja ciente do poder de apego exercido pelo dinheiro sobre a mente humana. Mateus estava realmente estabelecido em seu escritório de impostos, engajado na tarefa agradável de receber o dinheiro, quando ele ouviu duas palavras dos lábios de Jesus – “Segue-Me”. O “ME” se tornou tão grande aos olhos dele que o dinheiro perdeu seu lugar, e seu encanto quebrado – uma coisa maravilhosa, de fato! Ele se levantou e seguiu a Jesus.
Foi em sua casa que Jesus sentou-Se à mesa com publicanos e pecadores e Seus discípulos; então agora ele estava desembolsando dinheiro em vez de recebê-lo. Os outros evangelistas dizem-nos isto, embora Mateus, com conveniente simplicidade, não o mencione. Todo o procedimento ultrajou os fariseus, mas isso deu ocasião para a declaração concisa quanto à Sua missão. Os fariseus tinham negligenciado a Palavra do Senhor por meio de Oséias, que Ele preferia o exercício da misericórdia à oferta de sacrifícios cerimoniais – uma palavra que muitos fariseus modernos negligenciam – e eles eram ignorantes da Sua missão aos espiritualmente doentes, ao chamar os pecadores ao arrependimento. Se Ele viesse a chamar “os justos”, os fariseus, sem dúvida, teriam se apresentado em multidões; apenas para cada um deles ser rejeitado, uma vez que “os justos”, de acordo com o padrão Divino, não existem.
A questão levantada pelos discípulos de João levou a uma declaração que complementou isso. Tendo chamado os pecadores ao arrependimento, Ele os ligou a Si mesmo como “os filhos das bodas”, e os conduziu a uma posição de liberdade, em contraste com as observâncias legais. Nos dias vindouros de Sua ausência, haveria outro tipo de jejum. Mas não poderia haver uma mistura verdadeira entre aquilo que Ele recentemente havia trazido e o antigo sistema de leis. O novo vinho do reino deve ser colocado em odres novos. Se a tentativa é feita para restringir a expansiva graça do reino dentro de formas legais, o resultado é desastroso. A graça é perdida e o formalismo do judaísmo é arruinado.
Enquanto Ele falava essas coisas, outros incidentes sobrevieram que em certa medida servem como uma ilustração de Suas palavras. Em Seu caminho para ressuscitar a filha de Jairo, interveio a fé resoluta da mulher com um fluxo de sangue. Ela era uma das pessoas doentes que precisava do Médico. Sua ação de fé suspendeu o programado, mas o que era isso para aqu’Ele que Se deleita em misericórdia e não em sacrifício? Sua fé foi reconhecida e ela foi instantaneamente curada. Então, quando o programa foi retomado e a casa de Jairo alcançada, o curso prescrito e usual foi posto de lado por Jesus. As garrafas do costume judaico foram rapidamente quebradas pelo poder de Sua graça. Ele disse: “Retirai-vos [Dai lugar – KJV], e, de fato, tudo tinha que dar lugar ao poder da vida que Ele empunhava: e a criança morta foi restaurada.
Os clamores dos dois cegos (v. 27) tinham o sotaque da fé. Eles O reconheceram como o prometido Filho de Davi. Ele reconheceu a fé deles e desafiou-a. Eles responderam e afirmaram sua crença em Seu poder. Por isso, neste caso, Ele concedeu a oração, de acordo com a fé deles. Ele sabia que a fé deles era real; e sabemos que assim era, pois os olhos deles se abriram imediatamente. Possamos cada um de nós perguntar a nós mesmo: se meus pedidos forem respondidos de acordo com a minha fé; o que devo, então, conseguir?
O pecado reduziu o homem ao desamparo; não apenas tornou-o espiritualmente doente e morto e cego; mas também mudo para com Deus. Amordaçado pelo diabo, ele não pode falar. Quando o homem, no versículo 32, foi trazido a Jesus, o poder demoníaco que estava na raiz foi tratado. A causa sendo atingida, o efeito desapareceu imediatamente. O homem falou e a multidão ficou maravilhada. Eles nunca tinham visto ou ouvido falar de tais libertações como foram lavradas pelo poder do reino em graça. Somente os fariseus eram insensíveis a isso; e não apenas insensíveis, mas totalmente maus. Incapazes de negar o poder, eles intencionalmente se esquivaram de sua força, atribuindo-a ao próprio diabo.
O capítulo termina com o maravilhoso fato de que a perversa rejeição deles à Sua graça não calou Suas entranhas de compaixão. Ele continuou pregando o evangelho do reino e mostrando seu poder em milagres de cura em todas as cidades e aldeias; e a visão das multidões necessitadas apenas O levou à profunda compaixão – a compaixão do coração de Deus. A multidão não tinha pastor e havia uma grande safra para ser colhida. Ele preparou trabalhadores para enviar ao trabalho.

MATEUS 8


MATEUS 8


Após esses três capítulos cheios de Seus ensinamentos, Mateus nos dá dois capítulos ocupados com Suas obras de poder. Não foi suficiente para Ele enunciar os princípios do reino, Ele manifestou o poder do reino em uma variedade de marcantes formas. Existem cinco ilustrações principais desse poder em Mateus 8 e novamente em Mateus 9. Em cada caso podemos dizer que o milagre que o Senhor realizou em conexão com os corpos humanos, ou com coisas visíveis e tangíveis, foi uma prova de como Ele poderia lidar com as coisas mais profundas da alma.
O primeiro caso é o do leproso; uma figura do pecado em seu poder profanador e corruptor. O pobre homem estava convencido do poder de Jesus, mas não totalmente persuadido de Sua graça. No entanto, o Senhor instantaneamente o libertou pelo Seu toque e Sua palavra de poder. Apenas três palavras: “Quero, sê limpo”, e aquilo aconteceu; um testemunho aos sacerdotes – se o homem fez como lhe fora dito – que o poder de Deus estava presente entre eles.
O segundo caso foi o do centurião gentio e seu criado; um caso ilustrando a impotência introduzida pelo pecado. Aqui novamente é enfatizado o poder da Sua palavra. O próprio centurião enfatizou isso, pois ele conhecia o poder de uma palavra autoritária como exemplificado no sistema militar romano. A patente de centurião não era alta, mas os que estavam sob ele obedeciam imediatamente a suas instruções, e sua fé descobriu em Jesus aqu’Ele cuja palavra poderia realizar o milagre. O Senhor reconheceu sua fé como sendo grande e além de tudo o que havia encontrado em Israel; Ele falou a palavra necessária e o servo foi curado. Ele também profetizou que muitos gentios de longe entrariam no reino com os patriarcas de Israel, enquanto aqueles que consideravam o reino como seus por direito prescrito seriam lançados nas trevas exteriores.
O terceiro caso é o da sogra de Pedro. Aqui seu toque imediatamente a curou; não há registro de que Ele tenha falado uma palavra sequer. Pode ser o Seu toque e a Sua palavra, como com o leproso; ou apenas a Sua palavra, como com o servo do centurião; ou apenas Seu toque: o resultado em cada caso foi o mesmo – livramento instantâneo. Não houve um período de recuperação dos resultados da febre; Ela imediatamente se levantou e serviu os outros. O pecado produz um estado febril de espírito e alma, mas o Seu toque dissipa-o.
Nos versículos 16 e 17, temos primeiro um resumo de Suas muitas obras de poder e misericórdia ao entardecer; e segundo, a citação de Isaías 53, que nos revela a maneira e o espírito em que Ele fez essas coisas. As palavras citadas têm sido usadas erroneamente por alguns como se quisessem dizer que na cruz Ele levou nossas doenças, e assim o crente nunca deveria estar doente. A correta aplicação é encontrada aqui. Ele não aliviou os homens sem antes sentir suas tristezas e doenças. Ele provou em Seu espírito o peso dos próprios males que Ele curou por Seu poder.
Os incidentes registrados nos versículos 18-22 nos mostram que não apenas nossa libertação, mas nosso discipulado também deve ser ao chamado da Sua palavra mandatória. Certo escriba voluntariou-se para O seguir sem ter recebido Seu chamado. O Senhor imediatamente mostrou-lhe o que estaria envolvido em seguir Alguém tal como Ele mesmo, pois Ele era o Filho do Homem sem lar. Mas, de outro modo, Seu chamado é suficiente. Alguém que já era um discípulo queria colocar um dever terrestre em primeiro lugar. O chamado e a reivindicação do Mestre devem ser absolutamente supremos. Ele tinha discípulos que reconheceram Sua reivindicação e O seguiram, como mostra o versículo 23, e deram a Ele um lugar para recostar Sua cabeça no barco deles. No entanto, mesmo assim, segui-LO, levou-os a problemas.
Isso nos leva ao quarto desses casos impressionantes – a tempestade no lago; típico de como o poder do diabo chicoteia com fúria o inquieto mar da humanidade. Tudo aquilo nada era para Ele e assim dormia pacificamente. Mas, ao clamor dos discípulos, Ele Se levantou e desferiu Seu comando sobre essas poderosas forças da natureza. Como um homem comanda seu cão de caça, e este, obediente, se submete junto a seus pés, assim também o vento e o mar se submetem à palavra de seu Criador.
Chegando ao outro lado Ele foi confrontado por dois homens que eram dominados por servos demoníacos do diabo. Um deles era uma fortaleza especial, mantida por toda uma legião de demônios, como Marcos e Lucas nos mostram; embora evidentemente houvesse dois, e assim um testemunho suficiente foi rendido ao Seu poder sobre o inimigo. Os demônios O conheciam e também sabiam que não tinham poder para resistir à Sua palavra: por isso pediram permissão para entrar na manada de imundos porcos, que nunca deveria ter estado lá se Israel andasse segundo a lei. Até onde a narração registra, Jesus falou apenas uma palavra – “Ide”! Como resultado, os homens foram libertos e os porcos destruídos.
Até aqui consideramos o poder do Senhor. Antes de deixar o capítulo, notemos a reação do lado dos homens. Há um contraste marcante entre a “tanta fé” do centurião e a “pouca fé” dos discípulos na tempestade. A “tanta fé” foi marcada por duas coisas vistas no versículo 8. Ele disse: “não sou digno”, condenando a si mesmo e, assim, excluindo-se da questão. Ele também disse: “dize somente uma palavra” ao dirigir-se ao Senhor. Ele não tinha opinião de si mesmo, mas ele tinha uma grande opinião sobre Ele – tão grande que ele estava preparado para acreditar em Sua palavra sem qualquer apoio externo. Algumas pessoas querem ter a palavra do Senhor apoiada por sentimentos, ou pela razão, ou pela experiência, mas a grande fé é produzida pela descoberta em Jesus de uma Pessoa tão grande que a Sua palavra pura é suficiente.
Com os discípulos, foi exatamente o oposto. Eles estavam pensando completamente a si mesmos. Disseram: “Salva-nos que (nós) perecemos” Quando Jesus acalmou a tempestade eles ficaram espantados, dizendo: “Que homem é Esse?” Sim, Quem era Esse, de fato? Se eles realmente O conhecessem, ficariam surpresos se Ele não tivesse afirmado Seu poder. O fato era que eles tinham grandes pensamentos sobre si mesmos e apenas pequenos pensamentos sobre Ele; e isso é pouca fé. Então eles se maravilharam enquanto Ele agia; enquanto que no caso do centurião Jesus Se maravilhou com a fé dele. Apesar da pouca fé deles, no entanto, eles O amavam e O seguiam.
No início do capítulo, vemos a fé deficiente da parte do leproso. Ele viu claramente o poder de Jesus, mas pouco percebeu da Sua disposição. No final do capítulo, vemos homens sem fé alguma.
Eles não ponderavam o fato de que os demônios haviam sido desalojados, pois um livramento espiritual significava pouco para eles. O que importava para eles era a perda de seus porcos. Eles não apreciavam Jesus, mas apreciavam os porcos! Uma adequada figura dos homens do mundo que têm olhos para qualquer ganho material, mas nenhum coração para Cristo. Eles evidentemente não conseguiram nada, mas todos os outros conseguiram. Não deixe escapar o prazeroso fato de que a fé deficiente e a pouca fé receberam a bênção tão real e plenamente quanto a grande fé. A bênção não está de acordo com a qualidade ou quantidade de fé, mas de acordo com Seu coração de graça.

MATEUS 7


MATEUS 7


Os ensinamentos do Senhor, registrados em Mateus 6, foram delineados para conduzir Seus discípulos a tais relações com o Pai celestial deles, a fim de que Ele pudesse encher os seus pensamentos, quer em relação às suas esmolas, suas orações, seus jejuns ou suas atitudes em relação às posses e necessidades desta vida. Mateus 7 inicia com ensinamentos que regulariam suas relações com seus irmãos e até mesmo com os ímpios.
O julgamento de nosso irmão é uma tendência muito profunda em nosso coração. O julgamento das coisas, ou do ensino, não é proibido, mas encorajado – como vemos, por exemplo, em 1 Coríntios 2:15, 10:15 – mas o julgamento de pessoas é proibido. A Igreja é chamada a julgar aqueles que são dela, em certos casos, como 1 Coríntios 5 e 6 mostram, mas, afora isso, o julgamento das pessoas é uma prerrogativa do Senhor. Se, apesar da proibição do Senhor, nos entregamos a isso, duas penas certamente se seguirão, como Ele indica aqui. Primeiro, nós mesmos seremos julgados, e seremos medidos exatamente da maneira com que medimos os outros. Em segundo lugar, seremos arrastados para a hipocrisia. Assim que começamos a julgar os outros, ficamos cegos para com nossos próprios defeitos. O mínimo defeito em nosso irmão torna-se magnificado para nós, e ficamos totalmente inconscientes de que temos um grande defeito de uma natureza que vai prejudicar nossa visão espiritual. A forma de julgamento mais proveitosa para cada um de nós é o julgamento próprio.
O versículo 6 tem em vista o ímpio, insensível ao que é bom e imundo em suas preferências. Coisas que são santas e preciosas não são para eles; e, se tolamente as apresentamos a eles, elas são desprezadas e podemos sofrer sua violência. É certo que devemos ser doadores das coisas santas de Deus; mas não para tais.
Mas, se quisermos ser doadores, devemos primeiro receber, e disso falam os versículos 7-11. Para receber, devemos nos aproximar de Deus – pedindo, buscando, batendo. Uma resposta de nosso Pai é certa. Se pedirmos as coisas necessárias, nós as obteremos, pois Ele não nos dará algo sem valor, como uma pedra, ou prejudicial como uma serpente. Podemos ter certeza de que Ele nos dará “boas coisas” (ARA), pois Sua Paternidade é do céu. Seu padrão, portanto, não ficará abaixo do padrão da paternidade terrena. Podemos aplicar Isaías 55:9 a isto, e dizer que, como os céus são mais altos do que a Terra, os Seus pensamentos Paternos são mais elevados do que os nossos pensamentos. Nós, necessariamente, não podemos chegar ao Seu padrão. Por isso, no versículo 12, o Senhor não exigiu dos discípulos um padrão acima do estabelecido pela lei e pelos profetas.
Nos versículos 13 e 14, o Senhor evidentemente olhou para além de Seus discípulos – para a multidão. Diante dela havia as alternativas do caminho largo e do caminho estreito, da destruição e da vida. Não podemos dizer que a graça de Deus é estreita, pois ela veio para todos os homens; é o caminho do julgamento próprio e arrependimento que é tão estreito. Poucos encontram esse caminho e poucos o proclamam. A maioria dos pregadores prefere profetizar coisas mais suaves.
A advertência contra os falsos profetas se segue. Eles não devem ser conhecidos por suas belas palavras, mas por seus frutos. O fruto é o resultado e a expressão mais alta da vida, e revela o caráter da vida que o produz. O falso profeta tem uma vida falsa, que deve revelar-se em falso fruto.
Mas não há apenas falsos profetas, mas falsos discípulos – aqueles que à alta voz professam lealdade ao Senhor, mas o vínculo vital da fé está faltando. A fé vital, como nos diz o apóstolo Tiago, deve expressar-se em obras. Todos, que realmente estão sob o Senhorio de Cristo em fé, devem necessariamente estar dispostos a fazer a vontade do Pai nos céus, a Quem Ele (Jesus) apresentou. Judas Iscariotes nos fornece um exemplo terrível dos versículos 22 e 23. Evidentemente, ele realizou obras de poder junto com os outros discípulos, mas ficou provado afinal que nenhum vínculo de verdadeira fé jamais existiu e que ele era apenas um obreiro de iniquidade.
E, portanto, o Senhor concluiu Suas palavras com a parábola das duas casas. Ambos os construtores, o prudente e o insensato, eram ouvintes das palavras de Jesus, mas apenas um deles as praticava – e esse era o homem prudente. A parábola não ensina a salvação pelas obras, mas a salvação pela fé viva que conduz às obras. Se lançarmos nossas mentes de volta para o Sermão da Montanha, perceberemos imediatamente que nada além de fé genuína n’Ele pode induzir alguém a fazer as coisas que Ele ensinou. Também perceberemos quão plenamente Seus ensinamentos comprovaram Sua própria palavra em Mateus 5:17. Ele nos deu a plenitude da lei e dos profetas, enquanto acrescentava nova luz em relação ao Pai nos céus; Preparando assim o caminho para a mais completa luz da graça que estava por nascer como o fruto da Sua morte e ressurreição. A autoridade com a qual Ele anunciou essas coisas foi o que chocou o povo. Os escribas confiaram nos ensinos rabínicos primitivos, enquanto Ele falava das coisas que Ele sabia de e com Deus.

MATEUS 6


MATEUS 6


Tendo introduzido Seus discípulos a Deus nesta nova luz no final de Mateus 5, notamos que todo o ensinamento em Mateus 6 está relacionado com isso. A expressão “vosso pai”, com ligeiras variações, ocorre pelo menos doze vezes. O ensino se divide em quatro seções: esmola (1-4), oração (5-15), jejum (16-18), posses terrenas e as coisas necessárias à vida (19-34). Todas as quatro coisas tocaram a vida prática do judeu em muitos pontos, e sua tendência e hábito era se ocupar das três primeiras de uma maneira técnica e superficial, e colocar toda a ênfase e prestar toda a atenção ao quarto item. O Senhor Jesus coloca todos sob a luz que Suas palavras anteriores haviam derramado. No capítulo 5, Ele lhes mostrara um Deus que lida com os movimentos interiores do coração tanto quanto com ações exteriores, e ainda assim que Deus deve ser conhecido como um Pai celestial. Ainda notamos como Ele repete: “Eu vos digo”. Ele não ensina como os escribas fizeram, baseando suas afirmações nas tradições dos antigos, mas temos que aceitar o que Ele diz, apenas porque foi Ele Quem falou.
Se a tradição nos governa, podemos facilmente entrar na mesma posição na qual os judeus foram encontrados em relação às suas esmolas, suas orações e seus jejuns. Para eles, tudo se tornara uma questão de observância exterior, como atendendo aos olhos e ouvidos dos homens. Se nós, por outro lado, elevarmos nossos pensamentos para o Pai nos céus, Quem tem uma íntima preocupação conosco, tudo deve se tornar real e vital, e ser feito para os Seus ouvidos e os Seus olhos. Três vezes o Senhor diz do mero formalista: “Já receberam seu galardão [recompensa – ARA]”. Sua recompensa é a aprovação e louvor de seus semelhantes. Isso eles têm; é tudo no presente e não há mais nada por vir. Aquele que dá ou ora ou jejua desconhecido dos homens, mas conhecido por Deus, será recompensado publicamente no dia vindouro.
Quanto à oração, Ele ensina não apenas privacidade, mas brevidade, aquilo que se assenta no âmago da realidade. Um homem, que pede com intensa realidade e sinceridade, inevitavelmente vai direto ao ponto com o menor número de palavras. Ele possivelmente não vagará no labirinto de circunlocuções[1]. Os versículos 9-13 nos dão a oração modelo, exatamente adequada aos discípulos em suas circunstâncias. Existem seis petições. As três primeiras têm a ver com Deus; Seu nome, Seu reino, Sua vontade. As três seguintes têm a ver conosco; nosso pão, nossas dívidas, nossa libertação. O Pai celestial e Suas reivindicações devem ser os primeiros, e as nossas necessidades em segundo lugar. A bênção dos homens na Terra depende de Sua vontade ser feita na Terra, e isso só acontecerá quando o Seu reino for estabelecido.
O perdão mencionado nos versículos 14 e 15 está relacionado com as dívidas do versículo 12. No santo governo do Pai celestial com Seus filhos, o espírito não perdoador encontra o Seu castigo. Se alguém cometer uma ofensa contra nós e nos recusarmos a perdoar, perderemos o perdão governamental de Deus. Não se trata aqui de perdão por toda a eternidade, visto que aqueles a quem o Senhor falava eram discípulos, com quem aquela grande questão já estava resolvida.
Palavras muito esquadrinhadoras quanto às posses terrenas são faladas em seguida. Nenhuma tendência é mais profunda com todos os homens do que perseguir, abraçar e ajuntar tesouros na Terra, embora se deteriorem sob a ação de forças naturais, assim como a ação de homens violentos. Se realmente conhecermos o Pai nos céus, encontraremos nosso tesouro no céu e lá nosso coração estará; e temos apenas que ter o olho simples para ver isso e ver claramente todo o mais. Então também nossos corpos se tornam cheios de luz: isto é, nos tornamos nós mesmos luminosos. Seremos dominados por Deus ou por mamom, pois não podemos servir a dois senhores. Deus e mamom são totalmente opostos.
Ao servir a Deus, que é de fato um Pai celestial, ficamos sob Seu cuidado atento e bondoso. Ele conhece todas as nossas necessidades e Se preocupa com elas. Somos impotentes; incapazes de acrescentar um côvado à nossa estatura, ou de nos vestir como a erva do campo. Nosso Pai tem sabedoria e poder infinitos, e cuida das mais humildes criaturas de Sua mão: podemos, portanto, ter absoluta confiança em Seu amoroso cuidado por nós. Assim, devemos estar livres de toda ansiedade de cuidado. Os homens do mundo estão se agarrando aos tesouros deste mundo que se deterioram tão rapidamente, e eles estão cheios de cuidado quanto à sua preservação e uso. Devemos estar descansando sob o cuidado e amor de nosso Pai e, portanto, livres da ansiedade.
Agora isso é principalmente negativo. Devemos estar livres da ansiedade de cuidado que enche tantos corações; mas isso é para que possamos estar livres para buscar o reino de Deus e para buscá-lo primeiro. Em vez de perscrutar o amanhã com apreensão, devemos nos encher hoje das coisas do reino e esse reino nos guia nos caminhos da justiça.
Este foi o prazer de Deus para os discípulos que seguiram nosso Senhor durante Seus dias na Terra: não é nada menos do que o Seu prazer para nós que O seguimos agora do que Sua obra estar totalmente consumada e ele ter ido para os céus. O espírito que Ele inculcou foi muito estranho à religião do fariseu de Seus dias, assim como também é estranho à religião exterior e mundana de hoje.


[1] N. do T.: Circunlocuções significa o uso de muitas ou excessivas palavras para exprimir algo de modo indireto, ou por alusões ou referências vagas; fala ou escrita em que se rodeia um assunto, sem ir diretamente ao ponto.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

MATEUS 5


MATEUS 5


O Senhor começou então a falar aos Seus discípulos, embora na presença da multidão, instruindo-os nos princípios do reino. Primeiro de tudo Ele mostrou que tipo de pessoa vai possuir o reino e desfrutar de seus benefícios. Nos reinos dos homens hoje, alguém precisa de muita confiança própria e ousadia para ser um sucesso, mas o oposto é o que vale para o reino dos céus. Isso já havia sido indicado no Velho Testamento: o Salmo 37, por exemplo, especialmente o versículo 11, mostra isso claramente; no entanto, o Senhor aqui nos dá uma visão muito mais ampliada deste fato. Ele realmente esboça para nós uma imagem moral do remanescente piedoso que finalmente entrará no reino. Ele menciona oito coisas, começando com a pobreza de espírito e terminando com a perseguição, e há uma sequência em sua ordem. O arrependimento produz pobreza de espírito e é onde todos devem começar. Então vem o choro e a mansidão induzida por uma verdadeira visão de si mesmo, seguida por uma sede pela justiça que só é encontrada em Deus. Então, cheio disso, o santo exterioriza o próprio caráter de Deus – misericórdia, pureza, paz. Mas o mundo não quer Deus ou o Seu caráter, portanto a perseguição fecha a lista.
A bênção, contemplada nos versículos 3-10, deve ser plenamente realizada no reino dos céus, quando for estabelecido na Terra. Em cada bem-aventurança, salvo a última, o piedoso é descrito de maneira impessoal: nos versículos 11 e 12, o Senhor fala pessoalmente aos Seus discípulos. O “deles” do versículo 10 mudam para o “vós” do verso 11; e agora, falando aos Seus discípulos, a recompensa no céu é prometida. Ele sabia que esses Seus discípulos deveriam passar para uma nova e celestial ordem de coisas, e assim, enquanto reafirmava as coisas antigas sob uma luz mais clara, Ele começou a indicar algumas das novas coisas que estavam prestes a acontecer. A mudança nesses dois versículos é impressionante e ajuda a mostrar o caráter do “Sermão da Montanha”, no qual o Senhor resumiu Seu ensino e relacionou-o com as coisas antigas dadas por meio de Moisés. Em João 13-16, que podemos chamar de “O Sermão no Cenáculo”, nós O encontramos expandindo Seu ensino e relacionando-o com a plena luz que Ele daria quando o Espírito Santo viesse.
Na perseguição por Sua causa, Seus discípulos deveriam ser abençoados, e eles deveriam reconhecer isso e se regozijar. Naturalmente nos afastamos da perseguição, mas a história prova a verdade dessas palavras. Aqueles que estão identificados com Cristo de forma plena e ousada têm que sofrer, mas são sustentados e recompensados; enquanto aqueles que tentam se esquivar por meio de concessões, perdem todas as recompensas e são miseráveis. E, além disso, é quando o discípulo é perseguido pelo mundo que definitivamente ele se torna “o sal da Terra” e “a luz do mundo”. O sal preserva e a luz ilumina. Não podemos ser como o sal saudável na Terra se somos da Terra. Não podemos ser como uma luz levantada no mundo se somos do mundo. Agora, nada mais ajuda a nos manter distintos e separados da Terra e do mundo do que a perseguição do mundo, não importa de que forma seja. Perseguido por amor de Cristo, o discípulo é verdadeiro sal com que se salga, e ele também emite um máximo de luz. Esta palavra de nosso Senhor não nos revela o segredo de grande parte de nossa fraqueza?
Note também que a luz deve brilhar nas coisas práticas, não apenas nas coisas teológicas. Não é que os homens reconheçam a luz em nossos ensinamentos claros ou próprios expressos em palavras, mas sim em nossos atos e obras. Eles certamente devem ouvir nossas boas palavras, mas devem ver nossas boas obras, se quisermos ser luz para eles. A palavra “boas” aqui não significa exatamente benevolente, mas sim corretas ou honestas. Tais ações encontram sua fonte no Pai no céu: elas derramam Sua luz e glorificam-No.
Do versículo 17 ao final de Mateus 5 encontramos o Senhor dando a conexão entre o que Ele ensinou e aquilo que havia sido dado por meio de Moisés. Ele não veio anular ou destruir o que havia sido dado anteriormente, mas sim dar a plenitude dela – pois tal é o significado aqui da palavra “cumprir”. Ele corroborou e aplicou tudo o que havia sido dito, como os versículos 18 e 19 mostram, e nem uma palavra que Deus havia falado estava para ser quebrada. E, além disso, como mostra o verso 20, Ele insistiu que a justiça que a lei exigia tinha nela uma plenitude que excede em muito qualquer coisa conhecida ou reconhecida pelos superficiais escribas e fariseus de Seu dia. Eles prestavam uma obediência técnica em questões cerimoniais e ignoravam o verdadeiro espírito da lei e o objeto que Deus tinha em vista. Sua justiça não conduzia para o reino.
Consequentemente, Ele procedeu para mostrar que havia uma plenitude de significado nas exigências da lei que os homens não tinham suspeitado, referindo-Se a nada menos que seis pontos, como ilustrando Seu tema. Ele falou do sexto e sétimo mandamentos; então da lei quanto ao divórcio em Deuteronômio 24:1, em seguida, quanto aos juramentos em Levítico 19:12; então da lei da retribuição como dada em Êxodo 21:24 e em outros lugares; e, finalmente, e finalmente, da autorização ao ódio contra os inimigos como é encontrado em Deuteronômio 23:6.
Quanto aos dois mandamentos que Ele citou, Seu ensinamento evidentemente é que Deus tem em conta não apenas ao ato evidente, mas também à disposição interior do coração. O que é proibido não é meramente o ato do homicídio ou adultério, mas o ódio e a concupiscência dos quais o ato é a expressão. Julgados por esse padrão, quem vai se colocar diante das santas demandas do Sinai? A “justiça” do escriba e fariseu colapsa completamente com tudo isso. No entanto, em ambos os casos, tendo exposto esse fato, Ele acrescentou mais algumas instruções.
Nos versículos 23-26, Ele mostrou duas coisas de importância: Em primeiro lugar, que nenhuma oferta é aceitável por Deus se for apresentada enquanto houver injustiça para com o homem. Não podemos tolerar o mal em relação ao homem pela professa piedade para com Deus. Somente quando a reconciliação for efetuada, poderá haver aproximação a Deus. Então, em segundo lugar, se a questão que causa a desavença é levada à lei, a lei deve seguir seu curso apartado da misericórdia. As palavras do Senhor aqui, sem dúvida, têm significado profético. A nação judaica estava prestes a processar o caso deles contra Ele, transformando-O em seu “adversário”, e isso resultará em sua condenação. Eles ainda nem pagaram o último “ceitil [centavo – ARA].
Então, no próximo exemplo: aqui Ele nos mostra que qualquer sacrifício vale a pena, se leva a uma libertação do inferno que se coloca no final.
Nos terceiro e quarto casos (31-37) Ele novamente nos mostra que o que foi ordenado por meio de Moisés não expressou a plena mente de Deus. Tanto o divórcio quanto o juramento eram permitidos e, portanto, o padrão que os homens tinham de alcançar não era muito severo. Ambas as questões são aqui colocadas sob uma luz mais completa, e vemos que apenas uma coisa deve ser permitida para dissolver o vínculo matrimonial; e então que a palavra dos homens deve ser tão inequívoca e obrigatória, que tomar juramentos fortes, por isto ou por aquilo, não é necessário. O homem, que apoia quase todas suas afirmações por um juramento, é um homem cuja simples palavra não é confiável.
Então, novamente, a lei estipulou que os ferimentos infligidos fossem retribuídos por ferimentos do mesmo tipo. Ela ordenou o que podemos chamar de “pagar na mesma moeda”; enquanto também requeria amor ao próximo, permitia o ódio contra um inimigo. O Senhor reverteu tudo isso. Ele inculcou[1] a tolerância e a graça que dá, ao invés de alguém insistir em seus direitos; e também o amor que bendirá e fará bem ao inimigo. E tudo isso para que Seus discípulos sejam bem distintos dos pecadores do mundo e se manifestem no caráter do próprio Deus.
Deus é apresentado a eles não como Jeová, o Legislador, mas como “vosso Pai que está nos céus”. Isto é, Ele agora é apresentado sob uma nova luz. É isso que governa os ensinamentos do Senhor aqui, pois se O conhecermos dessa maneira nova, descobriremos que Ele Se destaca pela benevolência para com os injustos e os maus, e devemos ser, em nossa medida, o que Ele é. No ministério de Jesus, uma nova revelação de Deus estava surgindo, e isso resultou num novo padrão de perfeição. Devemos nos manifestar praticamente como filhos de nosso Pai nos céus, pois a perfeição de um filho é para ser como a do Pai.
Oito vezes Ele diz neste capítulo: “Vos digo que”, e em seis dessas ocasiões essas palavras são precedidas pela palavra “Porém”, colocando Sua prescrição em contraste com o que a lei havia dito anteriormente. Podemos muito bem perguntar: “Quem é Esse que cita a santa lei de Deus e depois diz calmamente: ‘Eu, porém, vos digo’ – assim e assim? Ele na verdade altera e amplia a lei, algo que nenhum profeta jamais se atreveu a fazer! Isso não equivale a uma terrível presunção, beirando a blasfêmia?” Sim, verdadeiramente, e apenas uma única explicação tirará essa acusação de sobre Ele. Mas essa única explicação é verdadeira: aqui temos o autêntico Legislador, que uma vez falou do Sinai. Agora Ele veio em Humanidade, como Emanuel. Emanuel subiu em outra montanha e agora fala não a uma nação, mas a Seus discípulos. Ele tem todo o direito de ampliar ou reformar Sua própria lei.


[1] N. do T.: Significado: Ensinar e imprimir algo no espírito de outro por frequentes repetições e admoestações.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

MATEUS 4


MATEUS 4


Jesus não estava apenas tomando o lugar do homem, Ele estava mais particularmente assumindo o lugar de Israel. Israel foi chamado desde o Egito, então eles foram batizados a Moisés na nuvem e no mar, então entraram no deserto. Acabamos de ver Jesus como o Filho de Deus chamado desde o Egito, e agora Ele é batizado; então, ao abrirmos o capítulo 4, encontramos o Espírito que havia descido sobre Ele O conduzindo diretamente ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Aqui encontramos um contraste, pois no deserto, Israel tentou Deus e falhou em tudo. Jesus foi tentado e triunfou em tudo.
No entanto, as tentações com as quais o diabo O assaltou eram semelhantes às provas de Israel no deserto, pois nada há de novo nas táticas do adversário. Israel foi testado pela fome e pela rebelião em conexão com as coisas de Deus – vista mais particularmente em conexão com Coré, Datã e Abirão – e por atrações que poderiam levá-los a adorar e servir a outro além de Jeová, e eles caíram, adorando o bezerro de ouro. Jesus refutou cada tentação com a Palavra de Deus. Em cada ocasião, Ele citou uma pequena porção do livro de Deuteronômio, em que Israel é lembrado de suas responsabilidades. Nessas responsabilidades eles falharam e Jesus as cumpriu perfeitamente em todos os aspectos.
O diabo sempre semeia dúvidas da Palavra Divina. Compare os versículos 3:17 com o 4:3, 6 de Mateus e observe como isso é impressionante. Tão logo Deus disse: “Este é o Meu Filho amado”, o diabo diz duas vezes: “Se Tu és o Filho de Deus”. A pequena palavra “se” é uma grande favorita do diabo! Jesus o enfrentou apropriadamente com a Palavra de Deus. Essa Palavra é tão indispensável para a vida espiritual do homem, como o pão é para sua vida natural. E o homem precisa de cada palavra que Deus falou, e não apenas algumas passagens especiais.
Todos nós estamos encontrando nossa vida espiritual em “toda Palavra que sai da boca de Deus”?
A tentação de Jesus pelo diabo deixa claro, além de qualquer dúvida, que o diabo existe em pessoa. Desde os dias de Gênesis 3, ele estava acostumado a seduzir os homens apelando para suas concupiscências e orgulho. Em Jesus, ele encontrou aqu’Ele que não tinha concupiscência nem orgulho, e que resistiu a todos os seus ataques pela Palavra de Deus; derrotado consequentemente, ele teve que deixá-Lo. Seu conquistador era um verdadeiro Homem, que jejuara quarenta dias e quarenta noites, e os anjos ministravam a Ele. Eles nunca haviam servido seu Deus dessa forma maravilhosa.
Ao ser João lançado na prisão, como o versículo 12 nos mostra, esse evento levou o Senhor a entrar plenamente em Seu ministério público. Deixando Nazaré, Ele assumiu Sua morada em Cafarnaum, e a profecia de Isaías encontrou seu cumprimento, em todos os aspectos, em relação ao Seu primeiro advento. Se lermos a passagem (Is 9:1-7), notaremos que ambos os adventos estão em vista, como frequentemente é o caso. Sua vinda brilhou como uma estrela diante dos profetas, mas eles ainda não sabiam que era uma estrela dupla. A Galileia ainda verá a grande luz de Sua glória, assim como eles viram a grande luz de Sua graça. O precursor foi silenciado pelo aprisionamento, Jesus assumiu e compeliu Sua mensagem de arrependimento em vista do reino estar próximo. O evangelho de João nos mostra que o Senhor estava ativo no serviço antes desta época. Ele tinha discípulos e visitou a Judeia quando “ainda João não tinha sido lançado na prisão” (Jo 3:24).
Sendo assim, o chamado de Pedro, André, Tiago e João não foi o começo de seu conhecimento d’Ele. Isso veio antes e está registrado em João 1. Evidentemente também houve ocasiões em que eles ou outros discípulos foram ter com Ele antes de serem definitivamente chamados a deixar suas ocupações seculares e entregar todo o seu tempo a Ele. Ao segui-Lo, esses pescadores seriam feitos pescadores de homens. Por meio de diligência e estudo, homens podem se fazer bons pregadores, mas pescadores dos homens só são feitos por Ele. Ele era Supremo nisto em Si mesmo e andando em Sua companhia, eles aprenderiam d’Ele e captariam Seu espírito.
Nos três versículos que encerram o capítulo 4, Mateus resume os primeiros dias de Seu ministério. Sua mensagem era “o evangelho do reino”. Deve ser distinguido do “evangelho da graça de Deus”, que está sendo pregado hoje. Isto tem a morte e ressurreição de Cristo como seu grande tema, e anuncia o perdão como o fruto da expiação que Ele fez. Essas eram as boas-novas que o reino, predito pelos profetas, estava agora trazendo para eles por meio d’Ele. Se eles se submetessem à autoridade divina que estava investida n’Ele, o poder do reino estaria ativo em favor deles. Como prova disso, Ele mostrou o poder do reino ao curar os corpos dos homens. Todo tipo de mal físico e doença foi removido – a garantia de que Ele poderia curar todo mal espiritual. Essa demonstração do poder do reino, juntamente com a pregação do reino, mostrou-se muito atraente e grandes multidões O seguiram.


MATEUS 3


MATEUS 3


O terceiro capítulo apresenta João Batista sem quaisquer preliminares quanto ao seu nascimento ou origem. Ele cumpriu a profecia de Isaías; ele pregou no deserto, longe do habitat dos homens; em roupas e alimentos, estava separado dos costumes dos homens; Seu tema era arrependimento, em vista da proximidade do reino dos céus. Foi um ministério muito singular. Que outro pregador escolheu um deserto como a esfera geográfica de seu ministério? Filipe, o evangelista, foi de fato ao deserto do sul para encontrar um indivíduo especial; mas o poder de Deus foi tal com João que as multidões se reuniram a ele e foram levadas ao seu batismo, confessando seus pecados.
Neste evangelho há uma menção frequente do “reino dos céus” e que, pela primeira vez, estava aqui. Nenhuma explicação é oferecida por Mateus, nem ele registra qualquer explicação sendo oferecida por João; a razão é, sem dúvida, que a vinda de um dia quando “o Deus do céu” deveria estabelecer um reino, e todos devem ver que “o céu reina [os céus dominam – TB], havia sido previsto no livro de Daniel. Consequentemente, o termo não seria desconhecido para seus ouvintes ou para qualquer leitor judeu. O mesmo profeta teve uma visão do Filho do Homem vindo com as nuvens do céu e tomando o reino, e os santos possuindo-o com Ele. Agora o reino estava à mão na medida em que “Jesus Cristo, Filho de Davi”, foi achado entre os homens.
Quando há uma obra genuína e poderosa de Deus, os homens não gostam de se afastar dela, especialmente se eles são líderes religiosos; consequentemente, encontramos fariseus e saduceus vindo ao batismo de João. Ele os encontrou, no entanto, com uma visão profética. Ele os desmascarou como tendo as características das víboras, e os advertiu que a ira jazia diante deles. João sabia que eles se orgulhariam de ser a própria sucessão abraâmica, então derrubou o suporte onde se apoiavam, mostrando que ela não tinha valor diante de Deus. Nada teria valor a não ser o arrependimento, e seu batismo era em vista disso; mas deveria ser genuíno e manifestar-se em frutos que fossem adequados. Tiago, em sua epístola, insiste que a fé, se for real e viva, deve se expressar em obras adequadas. Aqui João exige exatamente a mesma coisa em relação ao arrependimento.
Esses versículos na metade de Mateus 3 nos dão um vislumbre do que estava errado. O verdadeiro Filho de Davi e de Abraão tinha chegado, o reino estava próximo e nenhuma mera conexão com a sucessão com Abraão valeria. Moisés lhes dera a lei: Elias os havia chamado de volta a ela, depois de ter sido abandonada: João simplesmente emitiu um contundente chamado ao arrependimento, o que equivalia a dizer: “Com base na lei você está perdido e nada resta senão para você honestamente se apegar ao arrependimento com humilde tristeza de coração”. Mas, para sua ruína, a grande massa deles não estava preparada para isto.
João também anunciou a vinda daqu’Ele que é Poderoso, e de Quem João era o precursor. Não havia comparação entre eles, e ele confessou seu sentimento dizendo que não estava em condições de sequer levar Suas sandálias dos pés. Ele também contrastou seu próprio batismo com a água e o batismo com o Espírito Santo e fogo. A vinda daqu’Ele Grande exerceria discriminação perfeita, peneirando o trigo do joio. O trigo Ele batizará com o Espírito Santo e o joio com o fogo do julgamento; e as questões serão eternas porque o fogo será inextinguível.
Estas palavras de João devem ter sido tremendamente indagadoras e serão cumpridas quando a era milenar estiver prestes a ser introduzida. Então o Espírito será derramado sobre toda a carne, e não somente o judeu – isto é, sobre todos os que foram redimidos. Por outro lado, os ímpios serão banidos para o fogo eterno, como o final do evangelho de Mateus, no capítulo 25 nos mostrará. Enquanto isso houve um cumprimento antecipado do batismo do Espírito, no estabelecimento da Igreja, como mostra Atos 2. O contexto aqui decisivamente revela que o “fogo” é uma alusão ao julgamento, e não às línguas de fogo no dia de Pentecostes, ou qualquer ação similar de bênção.
Quando Jesus veio para o Seu ministério, Seu primeiro ato foi vir ao batismo de João, apesar da objeção que João expressou. A objeção serviu para revelar o princípio sobre o qual o Senhor estava agindo. Ele estava cumprindo a justiça. Ele não tinha pecados para confessar, mas tendo tomado o lugar do homem, era correto que Ele devesse Se identificar com os piedosos, que estavam, assim, tomando seu verdadeiro lugar diante de Deus. Os homens de Deus nos tempos antigos tinham feito o mesmo, em princípio – Esdras e Daniel, por exemplo – confessando como se fossem seus próprios pecados, dos quais eles tinham pouca participação, embora fossem pecadores. Aqui estava o Sem pecado, e Ele o fez perfeitamente; e para que não houvesse nenhum engano, no exato momento em que Ele fez isto, os céus se abriram sobre Ele – a primeira grande manifestação da Trindade, e a voz do céu declarando que Ele era o Filho amado, em Quem o Pai encontrou todo o Seu deleite. Em forma de pomba, o Espírito desceu sobre aqu’Ele que deve batizar outros com o mesmo Espírito.


MATEUS 2


MATEUS 2


Os versículos de abertura do capítulo 2 lançam uma luz forte e perscrutadora sobre as condições que prevaleciam naqueles dias entre os judeus encontrados em Jerusalém – os descendentes daqueles que haviam retornado sob Zorobabel, Esdras e Neemias. O Rei dos judeus havia nascido em Belém e ainda por semanas eles não sabiam nada sobre isso. O fato de Herodes, o rei, estar em ignorância, não era de todo surpreendente, pois ele não era israelita, mas um idumeu. Mas dentre todas as pessoas, os principais sacerdotes deveriam estar informados deste grande evento para o qual eles professamente estavam esperando – o nascimento do Messias. Em Lucas 2, encontramos que o evento foi revelado desde o céu, dentro de algumas horas no máximo, a humildes almas que temiam ao Senhor. O salmista nos disse que: “O segredo do Senhor é para os que O temem” (Sl 25:14), e isso é exemplificado nos pastores e outros; mas os líderes religiosos em Jerusalém não estavam entre estes, mas entre os “soberbos” a quem os homens chamavam de “bem-aventurados”. (Ml 3:15-16). Consequentemente, eles estavam em trevas tanto quanto o perverso Herodes.
Mas há algo pior do que isso. Não é de se surpreender, mais uma vez dizemos, que Herodes tenha ficado perturbado quando ouviu a notícia, pois aqui estava aparentemente um rival pretendente ao seu trono. No entanto, lemos que Herodes “perturbou-se, e toda Jerusalém com ele”. Portanto, o advento do Salvador não produziu júbilo, mas confusão entre as próprias pessoas que professavam estar esperando por Ele! Evidentemente, então, algo estava terrivelmente errado, já que era apenas a retratação de seus instintos pervertidos. Eles não O tinham visto; Ele ainda não havia feito nada: eles apenas sentiram que Seu advento significaria a ruína de seus prazeres em vez do cumprimento de suas esperanças.
No entanto, esses homens eram bem versados em suas Escrituras. Eles foram capazes de dar uma resposta rápida e correta à investigação de Herodes, citando Miquéias 5:2. Tinham o conhecimento que incha, e assim não sabiam nada como deveriam conhecê-lo (1 Co 8:1-2), e colocaram seu conhecimento a serviço do adversário. O “grande dragão vermelho” (Ap 12:3-5) do Império Romano, cujo poder foi investido localmente em Herodes, que estava pronto para devorar o “Filho Varão” (TB), e eles estavam prontos para ajudá-lo a fazê-lo. Eles tinham o tipo errado de conhecimento das Escrituras, e servem como um farol de advertência para nós.
A escritura que eles citaram apresenta o Senhor para nós como “O que governará” (ARF). Em Miquéias só Israel está em vista, mas sabemos que o Seu governo será universal; e esta é a terceira maneira pela qual Ele é apresentado a nós. Em JESUS vemos Deus vindo salvar. Em EMANUEL, vemos Deus vindo habitar. No GOVERNADOR, vemos Deus vindo governar. Sempre foi Seu pensamento habitar com os homens, governando tudo de acordo com o Seu prazer, e cumprir aquilo que Ele tinha vindo salvar.
Quando o Menino foi encontrado em Belém, havia o testemunho de que todas as três coisas se cumpririam e, embora Jerusalém fosse ignorante e hostil, havia gentios do oriente atraídos por Seu aparecimento, e eles reconheceram o Rei dos judeus. Será que percebemos o quão terrivelmente eles condenaram os líderes religiosos em Jerusalém? Os pastores de Lucas 2 souberam de Seu nascimento dentro de algumas horas; estes astrônomos do oriente dentro de alguns dias, ou semanas no máximo; enquanto que vários meses devem ter decorrido antes que os sacerdotes e escribas tivessem a menor suspeita do que tinha acontecido. Primeiro por uma estrela e depois por um sonho, Deus falou aos magos, mas aos religiosos de Jerusalém Ele não falou nada, e houve dias em que o sumo sacerdote no meio deles tinha estado em contato com Deus por meio de Urim e o Tumim. Agora Deus estava em silêncio para com eles. Seu estado era como é retratado em Malaquias e provavelmente pior.
Em Herodes vemos um poder inescrupuloso aliado à astúcia. Quando frustrado pela ação dos magos, ele concebeu um ataque assassino sem chances sobre as crianças de Belém. O fato de ele ter fixado o limite de isenção em dois anos indicaria que o período entre o aparecimento da estrela e a chegada dos magos em Jerusalém deve ter sido meses. Sua ação implacável e perversa trouxe o cumprimento de Jeremias 31:15. Se esse versículo for lido em seu contexto, será visto que seu cumprimento final e completo será nos últimos dias, quando Deus finalmente fará cessar o choro de Raquel, trazendo seus filhos de volta da terra do inimigo. No entanto, o que aconteceu em Belém foi o mesmo tipo de coisa em menor escala.
Herodes, no entanto, estava lutando contra Deus, que derrotou seu propósito enviando Seu anjo a José em um sonho, pela segunda vez. O Menino foi levado ao Egito, e assim Oséias 11:1 encontrou um cumprimento notável, e Jesus começou a reviver a história de Israel. Quão facilmente Deus frustrou o desígnio perverso de Herodes e, com a mesma facilidade, não muito depois, Ele lidou com o próprio Herodes. Mateus não desperdiça palavras para descrever seu fim: ele simplesmente nos diz que “morto, porém, Herodes”, pela terceira vez, o anjo do Senhor falou a José em um sonho, instruindo-o a retornar à terra porque a morte havia removido o pretenso assassino.
A primeira intenção de José evidentemente era retornar à Judéia; mas tendo chegado até José a notícia de que Arquelau sucedera seu pai, o medo fez com que hesitasse. Então, pela quarta vez, Deus o instruiu por um sonho. Assim, ele e Maria e o Jovem foram guiados de volta a Nazaré, de onde ele tinha vindo originalmente, como nos diz Lucas. É instrutivo ver como Deus guiou todos esses movimentos iniciais; em parte pelas circunstâncias, como o decreto de Augusto e as notícias sobre Arquelau; e em parte por sonhos. Assim, os esquemas do adversário foram frustrados. O “porteiro” segurou a porta aberta do “curral [aprisco – ARA] para que o verdadeiro Pastor pudesse entrar, apesar de tudo o que Ele poderia fazer. Também as Escrituras foram cumpridas: Jesus não apenas foi trazido do Egito, mas também Se tornou conhecido como o Nazareno.
Nenhum profeta do Velho Testamento predisse que Ele deveria ser chamado “Nazareno”, exatamente nessas palavras, mas mais de um disse que Ele seria desprezado e objeto de reprovação. Assim, no versículo 23, são “os profetas” e não um profeta em particular. Eles disseram que Ele deveria ser um Objeto de desprezo, que no tempo de nosso Senhor foi expresso no cognome, “Nazareno”. Na tradução de Darby – na edição com notas completas – há um comentário esclarecedor sobre este verso, como a frase exata usada em relação ao cumprimento, em contraste com a expressão anterior em Mt 1:22 e Mt 2:17; mostrando a precisão com que as citações do Velho Testamento são feitas. É uma nota que vale a pena ler[1].
Nazareno é o quarto nome dado ao nosso Senhor neste evangelho inicial. Ele é, como vimos, Jesus, Emanuel, Governador; mas Ele também é o Nazareno. Deus pode vir entre os homens para salvar, habitar, governar; mas ai de mim! Ele será “desprezado e rejeitado dos homens” (Is 53:3 – TB)



[1] N. do T.: Nota de rodapé Mt 2:23 – JND: “As passagens ‘que aquilo pudesse ser cumprido’ (cap. 1:22); ‘para que aquilo fosse cumprido’ como aqui; e ‘então foi cumprido’ (cap. 2:17)  nunca são confundidas nas citações do Velho Testamento. A primeira é o objeto da profecia; a segunda, não simplesmente seu objeto, mas um evento que estava dentro do escopo e intenção da profecia; a terceira é meramente um exemplo disso, onde o que aconteceu foi uma ilustração do que estava dito na profecia”.

domingo, 25 de novembro de 2018

MATEUS 1


MATEUS 1


A redação do primeiro versículo do Novo Testamento direciona nossos pensamentos de volta ao primeiro livro do Velho Testamento, na medida em que “geração” é a tradução da palavra grega genesis. Mateus em particular, e todo o Novo Testamento em geral, é “O livro da geração de Jesus Cristo”. Quando nos referimos a Gênesis, descobrimos que o livro se divide em onze seções, e todas elas, menos a primeira, começam com uma declaração sobre “gerações”. A terceira seção começa: “Este é o livro das gerações de Adão” (Gn 5:1); e todo o Velho Testamento desvenda para nós a triste história de Adão e sua raça, terminando com o terrível uso apropriado da palavra “maldição”. Com quão grande alívio podemos passar das gerações de Adão para a “geração de Jesus Cristo”, porque aqui encontraremos a introdução da graça; e sobre essa nota o Novo Testamento termina.
Jesus é imediatamente apresentado de duas maneiras. Ele é “Filho de Davi” e, portanto, a coroa real que Deus concedeu originalmente a Davi, pertence a Ele. Ele também é “Filho de Abraão”, portanto, Ele tem o título da Terra e toda a bênção prometida está empossada n’Ele. Tendo afirmado isso, recebemos Sua genealogia, de Abraão, até José, o marido de Maria. Esta seria sua genealogia oficial, de acordo com a contagem judaica. A lista dada é notável por suas omissões, já que três reis, intimamente ligados à infame Atália, são omitidos no verso 8; e o resumo das “quatorze gerações”, apresentado no verso 17, mostra que não é uma omissão acidental, mas que Deus Se nega e Se recusa a considerar os reis que surgiram mais imediatamente dessa devota da adoração de Baal.
É notável também, que apenas os nomes de quatro mulheres são trazidos para Sua genealogia, e que esses nomes não eram tais quais poderíamos ter esperado. Dois dos quatro eram gentios, o que deve ter sido um tanto prejudicial para o orgulho judaico: ambas eram mulheres de fé marcante, embora uma delas tivesse vivido na imoralidade que caracterizava o mundo pagão. Do outro nome não sabemos nada mais o que é bom. Os outros dois nomes vieram da descendência de Israel, mas ambos os registros eram ruins, e também não sabemos nada que seja definitivamente meritório. De fato, o nome de Bate-Seba não é mencionado; ela é meramente “a que foi mulher de Urias”, proclamando assim seu descrédito. Então, novamente tudo é prejudicial para o orgulho judeu. A genealogia de nosso Senhor não acrescentou nada a Ele. No entanto, garantiu Sua genuína Humanidade, e que os direitos conferidos a Davi e Abraão eram legalmente Seus.
Mas se os primeiros 17 versículos nos asseguraram que Jesus era realmente um Homem, os versículos restantes nos asseguram igualmente que Ele era muito mais do que um Homem – exatamente o Próprio Deus, presente entre nós. Por um mensageiro angélico, José, o marido comprometido com Maria, é informado de que o futuro filho dela é o fruto da ação do Espírito Santo e que, quando nascido, Ele deve levar o nome de Jesus. Ele salvará o Seu povo dos pecados deles, portanto, o Salvador deve ser o Seu nome. Somente Deus é capaz de nomear em vista de realizações futuras. Ele pode fazer isso e quão plenamente esse grande Nome foi justificado! Que colheita de humanidade salva será colocada no celeiro nos dias por vir; todos eles salvos de seus pecados e não meramente do julgamento que seus pecados mereceram! Apenas “Seu povo” é salvo assim. Para conhecer Sua salvação, é preciso estar inscrito entre eles por fé n’Ele.
Assim foi cumprida a previsão de Isaías 7:14, onde uma indicação clara havia sido dada da grandeza e poder do Salvador que estava por vir. Seu nome profético, “Emmanuel”, indicou que Ele deveria ser Deus manifestado em carne – Deus entre nós de uma forma muito mais maravilhosa do que jamais Ele havia Se manifestado no meio de Israel, nos dias de Moisés, muito mais maravilhosa também do que a maneira com que Ele estava com Adão nos dias anteriores à entrada do pecado no mundo. Os dois nomes estão intimamente conectados. Ter Deus conosco, sem estarmos salvos dos nossos pecados, seria impossível: Sua presença apenas nos submergiria em julgamento. Ser salvo de nossos pecados, sem que Deus fosse trazido até nós poderia ter sido possível, mas a história da graça teria perdido sua principal glória. Na vinda de Jesus, temos os dois. Deus foi trazido para nós e, ao serem removidos nossos pecados, fomos levados a Ele.