segunda-feira, 1 de abril de 2019

MATEUS 25


MATEUS 25


A parábola das dez virgens dá início a este capítulo. Este mundo apresenta uma cena muito emaranhada em todas as direções. A vinda do Senhor vai produzir um completo desembaraçamento. Já vimos isso nas parábolas do trigo e do joio, e da rede lançada no mar, em Mateus. 13, e novamente nos versículos que acabamos de considerar no final de Mateus 24. Encontramos novamente o mesmo grande fato nesta nova semelhança do reino dos céus. O Senhor já havia mencionado a Igreja de uma maneira antecipatória, mas Ele não diz aqui: “Então a Igreja será semelhante...” mas “ o reino dos céus”, que é mais amplo que a Igreja, embora que a inclua. Portanto, as “dez virgens” não representam a Igreja distintamente, embora estejam incluídas em seu escopo.
Assim, estamos com certeza corretos em aplicar a parábola aos santos do momento presente – a nós mesmos. As virgens “saíram” para encontrar o noivo, e fomos chamados para fora do mundo para esperar pelo Senhor. Ali sobrevém um período de esquecimento e adormecimento na história da Igreja. Um grito inspirador sobre a vinda do Noivo foi soado, um grito que disse: “Saí ao Seu encontro” (ARA), isto é, retorne para a sua posição original como um povo chamado. Enquanto havia sonolência, havia pouca ou nenhuma diferença discernível entre a verdadeira e a falsa, mas assim que elas despertaram e voltaram ao seu lugar original, a diferença se manifestou, e aquelas que não tinham óleo foram reveladas. O óleo representa o Espírito Santo, e “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d’Ele” (Rm 8:9).
Essa parábola foi usada para apoiar a ideia de que somente crentes devotados e plenamente despertos encontrarão o Senhor quando Ele vier, e que os crentes de menor mérito serão penalizados. Nós acreditamos que isso seja um erro. O ponto por toda esta passagem é a maneira pela qual a vinda do Senhor fará completa separação entre aqueles que realmente são d’Ele e aqueles que não são. Nesta parábola, vemos a separação feita entre o real e o falso na esfera da profissão, e o selo do Espírito é possuído apenas pelos que são verdadeiramente de Cristo. O fechamento da porta selou a rejeição do falso. As “insensatas” (TB) não representam os que caíram, mas que uma vez conheceram o Senhor e foram conhecidos por Ele. A palavra não é “uma vez Eu te conheci, mas agora te rejeito”, mas sim: “Eu não vos conheço”. Ora, o Senhor conhece aqueles que são Seus, mas estes eram estranhos para Ele.
No versículo 13, o Senhor aplica essa parábola a Seus discípulos e a nós. Não conhecemos o tempo da vinda do Filho do Homem, e devemos vigiar. Assim, mais e mais, Ele traz Seu ensinamento profético para induzir nosso caráter e comportamento. Ele não nos dá luz quanto ao que está vindo apenas para informar nossas mentes e satisfazer nossos desejos. Assim, depois de nos exortar à vigilância, Ele mostra no restante deste capítulo como Sua vinda nos afetará como servos e, de fato, como isso afetará o mundo. O desembaraçamento que Sua vinda causará estará completo.
A parábola dos servos e dos talentos é trazida para reforçar a exortação à vigilância, dada no versículo 13; e mostra como a vinda do Filho do Homem testará todos os que tomam a posição de Seus servos, e leva à expulsão de tudo o que não é verdadeiro. É um pensamento calculado para que todos reflitam que durante o tempo de Sua ausência; o Senhor tem confiado Seus “bens” para o Seu povo. Seus interesses foram colocados em nossas mãos, e não podemos evitar o ponto da parábola, dizendo: “Eu não tenho nenhum dom especial e, portanto, isso não se aplica a mim”.
O mestre entregou seus bens aos seus servos, “a cada um” deles, e Ele teve a discriminação que Lhe permitiu avaliar a capacidade de cada um, e assim Ele distribuiu para cada “segundo a sua capacidade [suas várias habilidades – KJV]. Podemos distinguir, portanto, entre os dons que podem ter sido concedidos a nós e as habilidades que podemos possuir, sempre lembrando de que o Senhor ajusta a relação entre as duas coisas. Nossas habilidades se referem aos nossos poderes naturais, assim como nossos poderes espirituais, e se estes não forem cinco bem grandes talentos, ou mesmo dois, podem ser apenas um fardo para nós. Se é assim, o Senhor sabe disso e só nos dá um. Podemos conectar isso com os dons mencionados em Romanos 12:6-15, que são de tal caráter que se referem a todo o povo de Deus. Quer o dom concedido seja grande ou pequeno, a grande coisa é usá-lo com diligência.
Igual diligência foi demonstrada pelos servos que receberam os cinco e os dois talentos. Cada um conseguiu duplicar o que lhe fora confiado e, quando o senhor deles retornou, ambos compartilharam igualmente sua aprovação e recompensa. Novamente nesta parábola, note-se, o contraste não está entre a maior ou menor fidelidade e diligência, que podem caracterizar verdadeiros servos, mas entre servos que eram verdadeiros, embora que sua medida de capacidade fosse diferente, e o que definitivamente não era um verdadeiro servo. Aquele que recebera aquele um talento, ocultou-o na terra, em vez de usá-lo no interesse do seu senhor; e isso ele fez porque não tinha verdadeiro conhecimento de seu senhor. Ele alegou saber que ele era um homem duro, exigindo mais do que o devido, alguém para se ter medo. Seu senhor o recebeu com base no conhecimento que ele afirmava ter, e mostrou que sua alegação só agravou sua culpa, pois se então ele fosse um homem duro, mais razão haveria para o uso diligente do talento confiado.
Na realidade, o senhor era tudo menos um homem duro, como testemunhado pelo seu tratamento com os servos que eram bons e fiéis. O ponto da questão era que este servo não tinha conhecimento verdadeiro de seu senhor, nenhum elo verdadeiro com ele. Como resultado, ele perdeu tudo o que lhe havia sido confiado e foi lançado nas trevas exteriores, onde havia choro e ranger de dentes, assim como foi o falso servo retratado no final do capítulo anterior. Na parábola semelhante registrada em Lucas 19, a distinção é feita entre os diferentes servos com seus graus de zelo e fidelidade, e eles são recompensados de acordo. O servo com uma mina sofre perda, mas ele não é lançado nas trevas exteriores. É digno de nota que, em ambos os casos, o fracasso é visto com o homem a quem é confiado o mínimo. Se investigarmos nossos próprios corações, reconheceremos que, quando somos capazes apenas de coisas pequenas, nossa tendência é não fazer nada. O Senhor certamente honrará o servo que, embora de pequena capacidade, faz as pequenas coisas com zelo e fidelidade.
O parágrafo final deste capítulo (vs. 31-46) não é apresentado como uma parábola. As parábolas começaram com o versículo 32 de Mateus 24, e agora que estão completas, o versículo 31 retoma o fio da narrativa profética a partir do capítulo 24:31. Quando Ele vier, o Filho do Homem não apenas reunirá Seus eleitos, mas convocará as nações diante d’Ele, para que possa haver um completo desembaraçamento por toda a Terra do bom e do mal. Todas as nações devem ser reunidas diante d’Ele, e a cena acontece na Terra. No julgamento final, quando a Terra e o céu fogem, predito em Apocalipse 20, nenhuma nação aparece: são apenas “os morto, pequenos e grandes”, pois na morte todas as distinções nacionais desaparecem.
Outras escrituras nos informam sobre os julgamentos marciais a serem executados por Cristo em Pessoa, quando no Armagedom, os poderosos exércitos dos vários reis da Terra serão destruídos. Esses julgamentos, no entanto, ainda deixarão multidões de não-combatentes, e todos estes devem passar diante do escrutínio do Filho do Homem, pois somente Ele pode discriminar e desembaraçar com sabedoria infalível. Ele fará isso como o pastor aparta os bodes das ovelhas; e as consequências, dependendo do Seu julgamento, serão eternas assim como serão no julgamento do grande trono branco. Tanto nessa sessão de julgamento quanto naquela, os homens serão julgados de acordo com suas obras.
O verdadeiro estado de todo coração é conhecido por Deus totalmente à parte das obras; todavia, quando o juízo público é instituído, é sempre de acordo com as obras, uma vez que elas indicam clara e infalivelmente como é esse estado, e assim a justiça dos juízos divinos é manifestada a todos os observadores. Esses mensageiros, que o Rei considera como “Meus irmãos”, haviam saído como Seus representantes, e o tratamento que receberam variou de acordo com a visão que tinham do Filho do Homem que eles representavam. Aqueles que criam n’Ele identificaram-se com Seus mensageiros, e ministraram a eles em sua rejeição e aflições: aqueles que não creram n’Ele não prestaram atenção alguma a eles. Aqueles que tinham fé declararam isso pelas suas obras. Aqueles que não tinham fé declararam-no igualmente pelas suas obras.
Tome nota do fato de que o Rei não acusa os condenados de perseguir e aprisionar Seus servos, mas apenas ignorá-los – tratando-os com negligência. Isso se encaixa com a grande questão de Hebreus 2: “Como escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação?” Naquele dia, ver-se-á que, se os homens tratam a Cristo com negligência, negligenciando Seus servos, eles entram em eterna condenação.
Quem são estes “Meus irmãos”? Se considerarmos todo o discurso profético, do qual esta é a parte final, a resposta não é difícil. No início de Seu discurso, o Senhor dirigiu-Se pessoalmente a Seus discípulos e disse-lhes como seriam odiados, afligidos e traídos, mas que o fim só viria quando “este evangelho do reino” fosse pregado em testemunho para todas as nações, e que aqueles que perseverarem ao fim serão salvos. Ele falou como se os discípulos que estavam diante d’Ele estivessem lá no final, porque Ele os via como representativos desses irmãos. Os “irmãos” no final do discurso são os discípulos dos últimos dias, que foram representados pelos discípulos dos primeiros dias, a quem o Senhor estava falando. Agora, embora estes tenham sido um pouco mais tarde batizados pelo Espírito no único corpo, que é a Igreja, como registrado em Atos 2, eles eram naquele momento simplesmente um remanescente de Israel que havia descoberto o Messias em Jesus, e se uniram a Ele. Eles representaram um similar remanescente de Israel que nos últimos dias terá seus olhos abertos e tomará o fio partido do “este evangelho do reino” – partido quando Cristo foi rejeitado na Terra, e tomado e renovado pouco antes de voltar a Terra para reinar.
No parágrafo final de Mateus. 25 o fim é chegado. O Filho do Homem é o Rei, os discípulos que perseveraram até o fim são salvos, as nações são julgadas, o desembaraço do bem e do mal é completo, o resultado do julgamento é eterno. Três vezes a palavra “eterno” ocorre. O castigo do ímpio e o fogo para o qual vão são eternos: a vida em que o justo passa é eterna. O oposto da vida não é a cessação da existência, como seria se a vida meramente significasse a existência como resultado da centelha vital que permanece em nós: Porém é castigo, porque a vida eterna significa toda a esfera das verdades abençoadas e eternas em que os justos se moverão para sempre. O ponto aqui não é que a vida esteja neles, mas que eles passam para ela. Naquela feliz observação, o discurso profético do Senhor termina.

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